Estruturação funcional do zooplâncton no espaço e no tempo em uma planície de inundação Neotropical. | Functional structuring of zooplankton in space and time in a Neotropical floodplain.

Freshwater ecosystems provide many services to society directly related to species functions. Spatial and temporal variations on community structure may occur naturally due to environmental heterogeneity and seasonal disturbances or as consequence of anthropic changes. In freshwater systems, zooplankton is a link between primary producers and others trophic levels, contributing to ecosystem productivity and nutrients cycling. At spatial scale, we investigated the distribution pattern of species functional traits, distribution pattern of functionally redundant species (similar functional traits) and functionally rare species (distinct functional traits) among watersheds (landscape scale) and among habitats with different spatial configuration (habitat type scale). We evaluated functional species traits distribution, rarity and redundancy indexes in 36 habitats in the Upper Paraná River floodplain in 2000, 2001, 2010 and 2011, using a measure of individuals proportion estimated for each categorical trait and combination of these traits. In general, heterogeneity among habitat types was more important to structure functional zooplankton than differences on environmental conditions among watersheds. However, differences at watershed scale were important on functionally rare species distribution. Our findings suggest that heterogeneous environmental configuration among habitat types is important to structure all community, but keeping the pristine features of watersheds free of dams may contribute to conservation of functionally rare species. We also investigated temporal tendencies on zooplankton temporal richness (FRic), functional equitability (FEve) and functional divergence (FDiv) in 12 habitats along 16 monitoring years (2000-2016), and their relationships to environmental predictors (chlorophyll-a, depth and turbidity). We tested temporal tendencies and the relationships to predictors using Generalized Additive Models (GAM). FRic and FEve fluctuated cyclically and opposite to each other every five years of study, with the highest FRic values occurring simultaneously with the lowest FEve values. FDiv presented trends similar to Fric, but FDiv only declined between 2005 and 2010. All functional diversity indexes were better explained by temporal variation, depth and chlorophyll-a concentration. However, the influence of each predictor was different for each component of diversity. These variations corresponded to extreme floods and prolonged drought periods. This implies that the maintenance of regular periods of flood and drought can contribute to the conservation of the functional diversity in the floodplain and, consequently, to the resilience of this ecosystem. So, preserve the floodplain spatial and temporal configuration is important to sustain the original functional state of this ecosystem.

Ecossistemas aquáticos promovem diversos serviços para a sociedade que estão diretamente relacionados as funções desempenhadas pelas espécies nesses ambientes. Variações espaciais e temporais na estrutura das comunidades podem ocorrer naturalmente pelo efeito da heterogeneidade ambiental e distúrbios, ou como consequência de alterações antrópicas. Dentre as comunidades aquáticas, o zooplâncton funciona como elo entre os produtores primários e os demais níveis tróficos, contribuindo com a produtividade e ciclagem de nutrientes do ecossistema. Em escala espacial, investigamos o padrão de distribuição dos atributos funcionais das espécies, do padrão de distribuição das espécies redundantes funcionalmente (atributos funcionais semelhantes) e das espécies funcionalmente raras (combinação de atributos funcionais distintos) entre sub-bacias (escala de paisagem) e entre ambientes com diferentes tipos de configurações espaciais (tipos de ambientes). Avaliou-se a distribuição dos atributos funcionais das espécies e os índices de redundância e raridade funcional em 36 ambientes da planície de inundação do alto rio Paraná nos anos de 2000, 2001, 2010 e 2011, por meio de uma medida da proporção de indivíduos calculada para cada atributo categórico e da combinação desses atributos. Em geral, a heterogeneidade entre os tipos de ambientes foi mais importante na estruturação funcional do zooplâncton do que as diferenças das condições ambientais entre as sub-bacias. Em contrapartida, essas diferenças foram importantes na distribuição das espécies funcionalmente raras. O que implica que a configuração ambiental heterogênea entre os tipos de ambientes é importante para a estruturação funcional da comunidade como um todo. A manutenção das características pristinas das sub-bacias não barradas pode contribuir para a preservação de espécies funcionalmente raras. Avaliou-se as tendências temporais na riqueza funcional (FRic), equitabilidade funcional (FEve) e divergência funcional (FDiv) zooplanctônica em 12 ambientes, ao longo de 16 anos de estudo (2000-2016), e suas relações com preditores ambientais (clorofila-a, profundidade da água e turbidez). As tendências temporais e relação com preditores foram testadas por meio de Modelos Aditivos Generalizados (GAM). A FRic e a FEve flutuaram ciclicamente e de maneira oposta a cada cinco anos de estudo, com os maiores valores de FRic ocorrendo simultaneamente aos menores valores de FEve. A FDiv apresentou tendências semelhantes a FRic, contudo, entre 2005 e 2010 apenas decresceu. Todos os índices de diversidade funcional foram melhor explicados pela variação temporal, pela profundidade e pela concentração de clorofila-a. Contudo, a influência de cada variável preditora foi diferente para cada componente da diversidade. Essas variações corresponderam a picos de cheia e períodos de seca prolongada. A manutenção de períodos regulares de cheia e seca podem contribuir para a conservação da diversidade funcional da planície e, consequentemente, com a resiliência desse ecossistema. Portanto, a preservação da configuração espacial e temporal da planície é importante para sustentar o estado original funcional desse ecossistema.

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