REGIONAL, NATIONAL OR GLOBAL COOKING: A NARRATIVE REVIEW OF THE MANIFESTO REGIONALISTA OF 1926 WRITTEN BY GILBERTO FREYRE
2016
Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos
O artigo tem por objetivo analisar a contribuição de Gilberto Freyre no debate intelectual das décadas de 1920 e 1930 sobre a construção da identidade nacional, tomando como foco de análise sua abordagem da centralidade da culinária regional no processo identitário da sociedade brasileira, contida no livro Manifesto Regionalista, de 1926. O Manifesto foi divulgado no Primeiro Congresso Regionalista, realizado em fevereiro de 1926, no Recife, em contraposição à Semana de Arte Moderna de 1922, ocorrida em São Paulo. No livro, Freyre discute os conceitos de regionalismo, nacionalismo, internacionalismo, entre outros; descreve os valores tradicionais da cultura nordestina; identifica as ameaças a que estes estavam submetidos e propõe estratégias para sua valorização. Entre os valores culturais enaltecidos, destacam-se aspectos da arquitetura e da culinária regional. A revisão chama a atenção para o pioneirismo das estratégias recomendadas para a preservação da cozinha nordestina, considerada por Freyre aquela que melhor expressava o sincretismo das cozinhas das três raças (ameríndia, portuguesa e africana). A análise aponta semelhanças entre o Manifesto e a segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, enfatizando a atualidade da abordagem de Freyre. Ambos adotam pressupostos conservadores, ancorados na valorização do passado (tradições) e na hostilidade para com as transformações (modernidade): no Manifesto, a defesa da culinária regional agrário-patriarcal nordestina e a hostilidade com a culinária estrangeira; no Guia, a valorização da culinária doméstica baseada em alimentos in natura e a hostilidade para com os alimentos ultraprocessados. DOI: 10.12957/demetra.2016.15053
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