Uretrostomia escrotal e perineal em animais de companhia: apresentação e discussão de casos clínicos
2023 | 2024
Vieira, Andreia Pando | Dias, Isabel | Almeida, Luís Manuel Araújo
O presente relatório foi realizado no âmbito do estágio curricular final do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e dividese em duas partes. A primeira parte consiste numa apresentação da casuística clínica e cirúrgica dos locais onde foi concretizado o estágio, sendo o primeiro o Hospital Veterinário de Braga (HVB), que decorreu ao longo de três meses, e o segundo o Hospital Veterinário Madrid Este, que se prolongou por dois meses. A segunda parte envolve uma introdução ao tema da uretrostomia, abordando os principais motivos pela qual esta cirurgia é necessária, tudo o que antecede o procedimento e uma descrição detalhada do mesmo. Está também incluída nesta parte a apresentação e discussão de quatro casos clínicos, com resolução cirúrgica por técnicas de uretrostomia, acompanhados no HVB. Os dois primeiros casos são referentes à uretrostomia escrotal. O primeiro caso descreve um cão sem raça definida adulto com obstrução urinária, encaminhado da sua clínica por ser já a segunda obstrução que ocorria no espaço de um mês. Na ecografia abdominal realizada era visível bastante sedimento na bexiga e alguma inflamação da sua parede, pelo que se realizou colheita de urina por cistocentese e enviou-se para análise de urina e cultura. Tendo em conta o estado clínico do animal e os resultados das análises, bem como a interpretação da ecografia, no hospital tentou-se desobstruir a uretra por hidropropulsão retrógrada e adicionou-se medicação para o desconforto e as alterações sistémicas evidenciadas, porém não demonstrou resultados viáveis, pelo que se tomou a decisão de avançar para a realização de uretrostomia. No segundo caso é apresentado um cão, American Bully adulto, sem história prévia de obstruções. Contudo, tendo em conta as queixas do tutor e avaliando o estado geral do animal entendeu-se prudente a realização de uma ecografia abdominal onde se visualizou sedimento. Numa tentativa de desobstrução por hidropropulsão retrógrada concluiu-se que era impossível e efetuou-se uma radiografia abdominal, onde era visível um cálculo que obstruia totalmente a uretra peniana, tendo sido submetido então a uretrostomia. Os dois casos seguintes referem-se à técnica da uretrostomia perineal. O terceiro caso descreve um gato Europeu comum adulto com história prévia de uma obstrução urinária, com eficácia do tratamento médico. Propôs-se nova tentativa de desobstrução, que resultaram, no imediato. No entanto, após ser autorizada alta condicionada, o animal voltou no dia seguinte, novamente obstruído. Neste momento foi tomada a decisão de avançar para uretrostomia. O último caso tratava-se também de um gato Europeu comum adulto, sem história prévia de obstrução urinária, mas sim de fecalomas, que chegou ao hospital com queixa de anúria e obstipação, além de lamber incessantemente o pénis. Após a realização de análises sanguíneas, ecografia e radiografia abdominais foi possível concluir que o animal não estava obstruído, mas apresentava hematúria, um fecaloma e o pénis necrosado. Neste caso, começou-se por estabilizar o animal e, quando foi possível, avançou-se com a amputação do pénis e realização de uretrostomia. Estes casos foram escolhidos pela sua resolução cirúrgica, área de interesse da autora. Sendo uma técnica que difere consoante a anatomia do animal à qual é aplicada, achei por bem abordar dois casos clínicos no cão e dois no gato, diferenciando-as.
Show more [+] Less [-]This report was made as part of the final curricular internship of the Integrated Master in Veterinary Medicine at the University of Trás-os-Montes e Alto Douro and is divided into two parts. The first part showcases the clinical and surgical experiences aquired during the internships at the Veterinary Hospital of Braga (HVB), where I was for three months, and the Veterinary Hospital Madrid Este, which lasted for two months. The second part includes an introduction on the theme of urethrostomy, exploring the main reasons for its implementation, as well as everything leading up to the surgery and a detailed description of the precedure. In this part i salso included a presentation and discussion of four clinical cases with surgical resolution by urethrostomy techniques, followed at the HVB. The first two cases refer to scrotal urethrostomy. The first case describes an adult dog without defined breed with urinary obstruction, referred from his clinic because it was the second he had done in the space of a month. The abdominal ultrasound showed a lot of sediment in the bladder and some inflammation of its wall, therefore a urine sample was collected, by cystocentesis, and sent for urianalysis and culture. Taking into account the animal’s condition and the results of the analysis, as well as the interpretation of the ultrasound, at the hospital an attempt of retrograde hydropropulsion was made and treatment was added for the discomfort and systemic alterations revealed by the blood analysis. However, such attempts did not show viable results, so the decision was made to proceed with urethrostomy. The second case presents an adult American Bully dog with no previous history of obstruction. However, considering the owner's complaints and assessing the animal's condition, it was decided to perform an abdominal ultrasound that revealed sediment in the bladder. Retrograde hydropropulsion was attempted, but it was impossible to advance the urinary catheter, so an abdominal radiograph was taken to see what could be obstructing the passage of urine. The image revealed a calculi that totally obstructed the penile urethra, so he was submitted to urethrostomy. The next two cases refer to perineal urethrostomy. The third case describes an adult common European cat with a previous history of urinary obstruction, with effective medical treatment. A new attempt at unblocking the urethra was proposed, which immediately worked. However, after being authorised for discharge, with the condition of coming back as soon as something wrong happened, the animal returned the following day, with a new obstruction. At this point the decision was made to proceed to urethrostomy. The last case is an adult common European cat, with no previous history of urinary obstruction, but with faecalomas, who arrived at the hospital complaining of anuria and constipation, in addition to incessant licking of the penis. With this information blood analysis, abdominal ultrasound and radiography were performed and it was possible to conclude that the animal, was not obstructed, but presented haematuria, a faecaloma and a necrotic pénis. In this case, the animal was first stabilised and, when possible, the penis was amputated and a urethrostomy was performed. These cases were chosen for their surgical resolution, an area of interest for the author. Since it is a technique that differs according to the anatomy of the animal to which it is applied, I thought it would be good to approach two cases of cats and two of dogs, making a comparison between the two techniques.
Show more [+] Less [-]Bibliographic information
This bibliographic record has been provided by Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro