Efeito da glicina-betaína na fisiologia da cerejeira e na qualidade do fruto

Pela sua excelente adaptabilidade às condições edafoclimáticas da região, a cerejeira é uma cultura de grande interesse em Portugal, nomeadamente no concelho de Resende. O seu fruto, a cereja é apelativa não só pelas suas agradáveis características organoléticas, riqueza nutricional e compostos benéficos para a saúde humana, mas também por ser uma fruta precoce em comparação com a maioria das frutas frescas. Nos últimos anos têm sido investigadas estratégias agronómicas alternativas para que esta cultura tenha alto desempenho fisiológico, grande produtividade e os frutos tenham mais qualidade. O uso de osmorreguladores em pré-colheita é uma prática que se tem vindo a tornar cada vez mais importante nas operações culturais da cerejeira. Este trabalho tem como objetivo investigar os resultados da aplicação pré-colheita do osmorregulador glicina betaína no comportamento fisiológico e na produtividade da árvore, bem como na qualidade dos respetivos frutos, da variedade Lapins, de um pomar instalado na região de Resende. Foram realizadas duas aplicações foliares, com um produto comercial à base de glicina betaína, uma com concentração de 0,25% e outra com 0,40%. Para avaliar a eficácia dos tratamentos, foram determinados parâmetros fisiológicos da árvore, parâmetros bioquímicos foliares e parâmetros qualitativos dos frutos. Os resultados da aplicação exógena de glicina betaína em pré-colheita mostram melhorias no turgor das células foliares, densidade foliar, dureza foliar e perda de água através da cutícula. A concentração de compostos fenólicos e pigmentos fotossintéticos nas folhas aumentou, o que se associa a uma maior atividade antioxidante e possivelmente maiores taxas fotossintéticas. Houve também aumentos nas concentrações de açúcares solúveis, amido e prolina, metabolitos associados ao desenvolvimento da planta e resistência ao stress abiótico e biótico. Relativamente às cerejas, os tratamentos aumentaram a produtividade e diminuíram o número de frutos não comercializáveis, sendo que a concentração de 0,40% levou a melhores resultados. Apesar das melhorias em todos os parâmetros biométricos, o tratamento 0,25% resultou em frutos maiores e mais pesados. A análise sensorial das frutas tratadas com glicina betaína teve resultados superiores, o que vai de acordo com a preferência dos provadores. Os resultados desta investigação corroboram os efeitos benéficos das aplicações exógenas da glicina betaína na cerejeira e noutras plantas frutíferas, enfatizando as funções osmoprotetoras e osmorreguladoras desse bioestimulante.

Because of its excellent adaptability to the region's soil and climate conditions, the sweet cherry tree is a crop of great interest in Portugal, particularly in the municipality of Resende. Sweet cherry fruit is appealing not only for its pleasant organoleptic characteristics, nutritional richness, and beneficial compounds for human health but also for being an early fruit compared to most fresh fruits. Alternative agronomic strategies have been investigated in recent years for this crop to have high physiological performance, productivity, and fruit quality. The use of osmoregulators in preharvest is a practice that has become increasingly important in the cultural operations planned for the cherry tree. This work aims to investigate the outcomes of preharvest application of the osmoregulator glycine betaine on the physiological behavior and productivity of cherry trees, as well as the quality of the respective fruits of the cultivar Lapins from an orchard installed in the Resende region. Two foliar applications were carried out, with a commercial product based on glycine betaine, one with a concentration of 0.25% and the other with 0.40%. To assess the effectiveness of the treatments, tree physiological parameters, leaf biochemical parameters, and fruit qualitative parameters were determined. The results of exogenous application of glycine betaine in preharvest show improvements in leaf cell turgor, leaf density, leaf toughness, and water loss through the cuticle. Leaf phenolics and photosynthetic pigments concentration increased, which associates with higher antioxidant activity and possibly higher photosynthetic rates. There were also increases in the concentrations of soluble sugars, starch, and proline, metabolites associated with plant development and resistance to abiotic and biotic stress. Regarding sweet cherry fruits, treatments increased yield and decreased the number of unmarketable fruits, with the 0.40% concentration producing the best results. Despite improvements in all biometric parameters, the 0.25% treatment resulted in larger and heavier fruits. The sensorial analysis of fruits treated with glycine betaine had superior results, which goes with the panelists' preferences. These findings support the glycine betaine exogenous applications in the sweet cherry tree and other fruiting plants, emphasizing the osmoprotective and osmoregulatory functions of this biostimulant.