A utilização do pivalato de desoxicorticosterona pela comunidade médico veterinária : a perspetiva da Europa Ocidental

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

A frequência de utilização do pivalato de desoxicorticosterona (DOCP), a dose inicialmente prescrita e as frequências de administração são variáveis entre a comunidade médico veterinária da Europa Ocidental (MVEO). Este estudo teve como objetivos averiguar a suplementação mineralocorticóide preferencial para maneio crónico do hipoadrenocorticismo (HA) e caraterizar a utilização de DOCP pela comunidade MVEO em cães diagnosticados com esta doença. Um questionário online em português, foi construído, validado e traduzido em 3 idiomas (Espanhol, Francês e Italiano), utilizando a plataforma eletrónica Google Forms. O questionário foi divulgado através de grupos exclusivos a Médicos Veterinários na rede social Facebook e via correio-eletrónico, incluindo questões sobre o regime inicial de tratamento, a dose inicial de DOCP, a monitorização clínica e eletrolítica em cães com doença de Addison. Obteve-se um total de 315 respostas em seis países (Portugal, Espanha, Itália, França, Bélgica e Luxemburgo). Dos que diagnosticaram HA recentemente, cerca de 84% utilizaram, pelos menos uma vez, DOCP e 80% preferem este fármaco ao acetato de fludrocortisona como primeira escolha para suplementação mineralocorticóide. Dos 154 que utilizaram DOCP, 63% indicaram que utilizam a dose inicial recomendada de 2,2mg/kg enquanto que, apenas 15% utilizam doses mais baixas. Após iniciarem tratamento com DOCP, cerca de 91% dos participantes monitorizam os eletrólitos duas vezes por mês e apenas 9% o fazem mensalmente até estabilização. Apenas 65% dos inquiridos se pronunciaram acerca do ajuste terapêutico. Destes, 53% privilegiam alterar a dose administrada enquanto 47% preferem aumentar o intervalo de administração. Após a primeira administração, 10% dos participantes apenas administram uma nova dose de DOCP quando o animal começa a descompensar. Em cães com valores eletrolíticos estáveis, 34% dos participantes fazem avaliações clínicas mensalmente, 44% trimestralmente, 17% duas vezes por ano e 5% anualmente. Este estudo confirma que, o DOCP é o fármaco de eleição para suplementação mineralocorticóide e que a maioria dos inquiridos segue as recomendações para a dose inicial e monitorização a curto prazo. Os ajustes terapêuticos de dose e frequência variam entre a amostra, evidenciando a necessidade de diretrizes específicas. Uma percentagem significativa dos inquiridos só administra DOCP novamente após descompensação clínica, o que pode aumentar o risco de crise addisoniana.

ABSTRACT- The use of desoxycorticosterone pivalate by veterinary surgeons: A Western European perspective - The frequency of use of desoxycorticosterone pivalate (DOCP), initial doses and treatment intervals are variable among Western European Veterinary Surgeons (WEVS). This study aimed to verify which is the preferable mineralocorticoid supplementation for chronic management of hypoadrenocorticism (HA) and characterize the use of DOCP by WEVS in dogs diagnosed with this disease. An online Portuguese survey translated into three different languages (Spanish, French and Italian) was developed and validated using the electronic platform Google Forms. The survey was shared through social network veterinary groups in Facebook and mailing lists including questions focused on initial treatment regimen, DOCP starting dosage, clinical and electrolytic monitoring schedule in dogs diagnosed with Addison’s disease. Overall, a total of 315 responses were obtained in six countries (Portugal, Spain, Italy, France, Belgium and Luxembourg). Of those who had recently diagnosed HA, about 84% used DOCP at least once and 80% indicated they preferred its use over fludrocortisone acetate as first-line choice for mineralocorticoid supplementation. Among 154 respondents who had used DOCP, 63% indicated using 2.2mg/kg as initial dosage while only 15% stated using lower dosages. Following initiation of DOCP treatment, about 91% of respondents indicated monitoring electrolytes twice a month and only 9% do it once a month until stabilization. Only 65% of the respondents indicated their therapeutic adjustment. Of these, 53% prefer changing the dosage while 47% stated increasing the administration interval. Following the initial administration, 10% of respondents indicated administering subsequent DOCP injections only in case of clinical relapse. In dogs with stable electrolytes concentrations, 34% of respondents reported reassessing dogs monthly, 44% quarterly, 17% twice yearly and 5% yearly. This study states DOCP is the preferred treatment for mineralocorticoid supplementation and the majority of WEVS follow the manufacturer’s recommendations for initial dosage and short term monitoring schedule. Subsequent preferred therapeutic adjustments regarding change in dosage or dosing intervals vary among sample, reflecting how relevant specific guidelines are. Of particular concern, a significant proportion of WEVS only administer DOCP in case of clinical relapse following the initial administration, which likely increases the risk of addisonian crisis.

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