Repelência à água em solos florestais queimados e não queimados na região Centro
2008
Faria, Sílvia Regina Marques | Keizer, Jan Jacob | Teijeiro, Maria Eufémia Varela
Mestrado em Engenharia do Ambiente
Show more [+] Less [-]A repelência à água do solo é um fenómeno que ocorre de forma natural em muitos solos, mas pode ser induzida ou favorecida pelo aquecimento do solo durante um incêndio. A repelência considera-se uma das principais causas do aumento do escoamento superficial e erosão do solo acelerada em áreas recentemente queimadas. Neste trabalho, enquadrado no projecto EROSFIRE-II (financiado pela Fundação de Ciência e Tecnologia; PTDC/AGR-CFL/70968/2006) analisam-se os efeitos de um incêndio florestal ocorrido em Agosto de 2008 na localidade do Colmeal (município de Góis na região centro de Portugal) sobre a repelência à água do solo, a fim de conhecer a sua variabilidade espacial e temporal em quatro locais de estudo com dois tipos de solo, isto é eucaliptal e pinhal. A área queimada tem uma área aproximada de 70 ha. Dentro desta área seleccionou-se duas encostas, ambas com a mesma geologia (xistos) mas com diferentes povoamentos florestais, isto é pinheiro bravo (Pinus pinaster e eucalipto (Eucaliptus globulus). Seleccionou-se ainda duas encostas imediatamente fora da área ardida com os mesmos tipos de floresta como base de comparação para determinar o efeito do incêndio. Aproximadamente dois meses após o incêndio iniciou-se a medição da repelência à água da camada superficial do solo (0-5 cm) no campo, bem como a recolha de amostras da mesma camada para análise posterior no laboratório. Durante 10 meses realizou-se uma monitorização mensal da repelência, medida em campo e no laboratório pelo método MED “Molarity Ethanol Drop” (King, 1981) e da humidade do solo. Para além, destas foram também determinadas a textura do solo (para as amostras recolhidas no primeiro mês de monitorização), o conteúdo de matéria orgânica (todas as amostras recolhidas) e a caracterização das substâncias húmicas da matéria orgânica em duas épocas diferentes (época seca e época húmida) através de espectroscopia Ultravioleta-Visível e Fluorescência Molecular. Os resultados mostram uma maior severidade de repelência nos solos queimadas do que nos não queimados, tanto no pinhal como no eucaliptal. Este aumento aparente depois do incêndio foi mais evidente no pinhal, o que pode indicar uma maior intensidade do fogo. Verificou-se uma relação negativa entre repelência à água e a humidade dos solos, sendo esta mais elevada nos solos não queimados. Relativamente à variação temporal da repelência os resultados mostram que ambos os locais em estudo revelam uma variação sazonal. A repelência dos solos diminui nos meses de Inverno devido ao maior teor de humidade no solo. Durante a primavera a repelência à água reaparece e atinge valores extremos. No que se refere ao conteúdo de matéria orgânica não foi verificada nenhuma relação com a repelência à água dos solos. No entanto, da caracterização das substâncias húmicas da matéria orgânica o pinhal queimado foi o que apresentou maior massa molecular e maior condensação aromática, o que confirma os valores de repelência obtidos para este solo. Contudo, a utilização de ambas as técnicas de espectroscopia mostram-se insuficientes para fazer a caracterização estrutural da matéria orgânica. Por fim, verificou-se que a máxima repelência atingida pelos solos pode ser conseguida pela medição de amostras secas ao ar.
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