Refine search
Results 1-7 of 7
Panorama da agricultura orgânica e dos agrotóxicos no Brasil: uma análise a partir dos censos 2006 e 2017
2021
Taíse Fátima Mattei | Ednaldo Michellon
Resumo Frente ao debate relativamente antigo sobre o uso de agrotóxicos e práticas agrícolas mais sustentáveis, este artigo se propõe a fazer um panorama da agricultura orgânica e do uso de agrotóxicos no Brasil, a partir dos Censos Agropecuários de 2006 e 2017. A pesquisa se caracterizou como comparativa descritiva e focou a análise nos estabelecimentos agropecuários. Os principais resultados indicaram que, em 2006, cerca de 27% dos estabelecimentos agropecuários usavam agrotóxicos; já em 2017, esse percentual subiu para 33%. As regiões líderes em estabelecimentos com uso de agrotóxicos em 2006 e 2017 eram Sul e Nordeste. Os estados Rio Grande do Sul e Paraná eram os estados onde se encontravam o maior número de estabelecimentos produzindo com agrotóxicos do total brasileiro, nos dois Censos analisados. Com relação à agricultura orgânica, percebeu-se que houve uma redução relativa do número de estabelecimentos com agricultura orgânica no Brasil nesse período, embora seja preciso fazer ressalvas quanto à possibilidade de superestimação das informações. Em 2006, estavam, na região Nordeste, 46,7% desses estabelecimentos, 21% na região Sul e 20% na região Sudeste. Já em 2017, 28% estavam na região Sudeste, 27% na região Nordeste e 20% na região Sul.
Show more [+] Less [-]Construção social de mercados orgânicos: o caso das Células de Consumidores Responsáveis em Florianópolis-SC
2020
Dayana Lilian Rosa Miranda | Isadora Leite Escosteguy | Oscar José Rover | Carlos Alberto Cioce Sampaio
Resumo: Movimentos contemporâneos contrários às formas industriais de produção, abastecimento e consumo agroalimentar defendem processos alternativos que reconectem produtores e consumidores, resgatando valores culturais e sociais, relocalizando a agricultura nos territórios e valorizando a dimensão ambiental. Nesse contexto, destaca-se o aumento da demanda por alimentos orgânicos e mudanças nos padrões de produção e consumo, baseadas em valores de qualidade e confiança. Nessa perspectiva, este estudo objetiva analisar a experiência do Laboratório de Comercialização da Agricultura Familiar (LACAF-UFSC), com foco no projeto de extensão Células de Consumidores Responsáveis (CCR), em um esforço de compreensão da sua contribuição para a construção social de mercados de orgânicos/agroecológicos em Florianópolis-SC, Brasil. Teoricamente, o estudo define as Redes Agroalimentares Alternativas (RAA) e articula esta noção com a de Redes de Cidadania Agroalimentar (RCA). Metodologicamente, é desenvolvida uma observação participante junto à experiência do projeto supracitado, bem como a análise de dados primários e de outros documentos. Conclui-se que as CCR constituem um modelo eficaz de tecnologia social que ajuda a articular novas relações entre produção e consumo de alimentos, e se integram na lógica das RCA, representando uma forma de resistência nos mercados agroalimentares, capaz de contribuir para redesenhar cadeias de abastecimento alimentar nas grandes cidades.
Show more [+] Less [-]Indicadores de sustentabilidade para sistemas agroflorestais: levantamento de metodologias e indicadores utilizados
2022
Fabiana Aparecida da Silva Araújo | Luciano Pires de Andrade | Renato José Reis Molica | Horasa Maria Lima da Silva Andrade
Resumo Os sistemas agroflorestais (SAFs) se apresentam viáveis para a agricultura familiar como alternativa à agricultura convencional. Para avaliar a sustentabilidade desses sistemas, pode-se fazer uso de indicadores. Os estudos de indicadores de sustentabilidade nesses sistemas podem ser um mecanismo de incentivo à sua ampliação, subsidiando a atuação de assistência técnica e extensão rural (ATER), um investimento em políticas públicas, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico e para novas pesquisas. Nesse contexto, esta pesquisa se orientou em analisar os estudos sobre os indicadores de sustentabilidade em agroecossistemas por meio da produção de artigos dos últimos 30 anos, na base de dados do Portal de Periódicos Capes, que é uma biblioteca virtual no Brasil. As buscas, utilizando termos em espanhol, português e inglês, resultaram em um baixo número de artigos referentes ao tema, com pouca abordagem participativa, concentrados em reduzidas dimensões de sustentabilidade e com diferentes metodologias. Essas informações obtidas demonstram a necessidade de mais estudos, de forma participativa, para que se possam obter resultados representativos, contribuindo, assim, para uma melhor gestão e divulgação dos SAFs e servindo como orientadores de processos decisórios e de políticas públicas.
Show more [+] Less [-]Impactos ambientais e socioeconômicos da produção integrada de base ecológica em unidades de produção familiar do Distrito Federal e entorno
2021
Manuel Steven Gusman Muñoz | João Paulo Guimarães Soares | Marlon Vinícius Brisola | Ana Maria Resende Junqueira | Maria Julia Pantoja
Resumo: O trabalho analisou os impactos ambientais e socioeconômicos da produção integrada de base ecológica, considerando a sustentabilidade em longo prazo das atividades de produção vegetal e da criação animal nas unidades produtivas. Para esse fim, foram avaliadas três unidades agropecuárias familiares, denominadas “A”, “B” e “C”, localizadas na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF). Nessas unidades, foi aplicado o Sistema de Avaliação Ponderada de Impacto Ambiental de Atividades do Novo Rural (APOIA-Novo Rural), o qual contempla cinco dimensões de sustentabilidade: (a) Ecologia da paisagem, (b) Qualidade dos compartimentos ambientais (atmosfera, água e solo), (c) Valores socioculturais, (d) Valores econômicos e (e) Gestão e Administração. No sistema, o Índice de Sustentabilidade da Atividade é definido por uma linha de adequação ambiental, estipulada em 0,70 (em uma escala de 0 a 1). A produção integrada de base ecológica das três unidades avaliadas gerou desempenhos positivos no Índice Médio de Sustentabilidade (0,74), com destaque para as dimensões Gestão e Administração (0,88) e Ecologia da Paisagem (0,79). Embora o resultado global tenha sido positivo, a análise apontou a necessidade de investimentos na variável solo sob manejo orgânico.
Show more [+] Less [-]A justiça ecológica em processos de reconfiguração do rural: estudo de casos de neorrurais no estado de São Paulo
Morgane Retière | Paulo Eduardo Moruzzi Marques
Resumo Este artigo aborda a renovação das relações entre o urbano e o rural a partir de referências a uma justiça ecológica. Nossa análise, fundada sobre a teoria das justificações, considera as ações coletivas, os conflitos e as inovações em torno de três casos de retorno à terra: o bairro rural Demétria, a Cooperativa de Agricultores Familiares Agroecológicos (Cooperacra) e o assentamento Milton Santos, todos no estado de São Paulo. O desejo de residir em meio rural ou de desenvolver uma atividade agrícola orgânica favorece um novo olhar sobre a ruralidade e sobre o papel da agricultura, associado ao debate sobre o desenvolvimento sustentável. A teoria das justificações nos leva a identificar os princípios de justiça mobilizados por nossos interlocutores com vistas a legitimar suas ações. Como hipótese, admitimos a emergência de uma ordem ecológica de justiça, com contornos por vezes pouco definidos e, assim, permeável a outros conjuntos de pontos normativos para edificar um mundo justo. Nesta ótica, torna-se pertinente situar os argumentos de nossos interlocutores em relação a estas diferentes ordens de justiça, o que permite distinguir o caso do bairro Demétria daqueles da Cooperacra e do assentamento Milton Santos.
Show more [+] Less [-]A construção do discurso agroecológico no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)
2013
Ricardo Serra Borsatto | Maristela Simões do Carmo
Na última década, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que luta pela reforma agrária no Brasil, vem mudando de forma radical o seu discurso para uma proposta mais coerente com as diretrizes preconizadas pela agroecologia. Neste contexto, o intuito do presente trabalho foi o de compreender, a partir de uma abordagem teórico-histórica, a apropriação do conceito agroecologia como bandeira na luta pela reforma agrária defendida pelo MST. Para tanto, partiu-se de revisões sobre as concepções clássicas relativas ao papel do campesinato nas sociedades contemporâneas e buscou-se realizar "pontes teóricas" com os discursos e as ações praticadas pelo MST em sua história, baseando-se em análise documental. Por fim, este artigo conclui que a defesa da agroecologia no MST, baseada em um discurso chayanoviano, está em curva ascendente, em contraponto ao discurso antes vigente de coletivização e fomento de grandes unidades de exploração agrícola especializadas de inspiração no marxismo ortodoxo. Aponta-se, também, que a agroecologia, para o MST, vai muito além da dimensão produtiva, agregando forte questionamento político.
Show more [+] Less [-]Comercialização nas feiras da agricultura familiar: um estudo de caso sobre a estrutura desses canais
2024
Sueny Pinhel Miranda | Rubia Cristina Wegner | Anelise Dias
Resumo As feiras da agricultura familiar em bases agroecológicas são canais de venda direta de grande importância para o abastecimento local. Desse modo, é imprescindível tecer formas de avaliar e acompanhar a sua evolução. No presente estudo de caso, aplicou-se uma metodologia para a análise da comercialização na Feira da Agricultura Familiar (FAF), realizada no Campus Seropédica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Objetivou-se analisar o faturamento bruto e a sazonalidade da oferta e da demanda dos produtos na FAF e relacionar esses fatores com a produção agroecológica na baixada fluminense; e demonstrar e compreender as relações entre oferta, preços e vendas dos produtos. Para isso, realizou-se uma revisão de literatura sobre circuitos curtos e formas de comercialização da agricultura familiar e analisaram-se dados de 1.664 relatórios de comercialização, autopreenchidos pelos feirantes no período de 2017 a 2019. Os resultados permitem concluir que (i) os agricultores inseridos nas FAF não são meros tomadores de preços; (ii) o faturamento bruto é influenciado pela sazonalidade da demanda e da oferta; (iii) os efeitos da sazonalidade são impactantes sobre a oferta e as vendas, mas reduzidos com baixa volatilidade de preços; (iv) a oferta é diversificada e os itens apresentam substitutos próximos dentro de uma mesma categoria de produtos.
Show more [+] Less [-]