Crescimento muscular compensatório e metabolismo energético de Cyprinus Carpio realimentados após privação de alimento
2011
Forgati, Mariana
Resumo: Os peixes experimentam, durante seu ciclo de vida, períodos de privação alimentar, conseguindo sobreviver nesta situação por muito tempo, sem que os processos vitais sejam prejudicados. É sabido que os animais realimentados após um período de jejum exibem um crescimento mais acelerado do que os animais alimentados continuamente, sendo este fenômeno conhecido por crescimento compensatório. Dessa forma, o objetivo desse trabalho é avaliar os efeitos da privação alimentar e da realimentação sobre o crescimento e o metabolismo energético de juvenis de carpa (Cyprinus carpio). Foram utilizados 120 peixes distribuídos em 8 situações experimentais, controle de 30 dias, controle de 60 dias, jejum por 30 dias, realimentados por 3, 7, 14, 30 e 60 dias após jejum. Após os bioensaios, os animais tiveram amostras de sangue retiradas para a determinação plasmática de proteínas totais, glicose, triglicerídeos e colesterol (total e LDL). Os animais foram, então, sacrificados e tiveram amostras da musculatura branca destinadas à morfometria das fibras musculares (espessura e densidade das fibras) e à análise da composição centesimal. Os resultados demonstraram que o peso corporal e comprimento padrão dos peixes foram inferiores durante o período de privação alimentar, mas se recuperaram após a realimentação por 30 dias. O fator de condição manteve-se constante ao longo do experimento, bem como a concentração de proteínas musculares e o percentual de minerais. O jejum promoveu uma hidratação da musculatura branca, sendo este resultado uma consequência da mobilização de lipídeos e proteínas. Por outro lado, o glicogênio foi parcialmente poupado durante a privação alimentar. A realimentação promoveu a recuperação desses metabólitos, sendo que estes atingiram concentrações semelhantes ou superiores a dos controles, como o caso do glicogênio. Quanto aos intermediários metabólicos, observou-se uma manutenção dos níveis de glicose ao longo de todo o experimento. Por outro lado, as concentrações de triglicerídeos e de proteínas totais reduziram significativamente durante o jejum, indicando a mobilização de lipídeos e proteínas, respectivamente, confirmando os dados obtidos com a análise da composição centesimal da musculatura branca da carpa. Estes determinantes apresentaram concentrações semelhantes às dos controles após a realimentação. A privação alimentar levou, também, à alteração na celularidade da musculatura da carpa, com uma diminuição na espessura das fibras (atrofia). Quanto à densidade de fibras menores e maiores, pôde-se observar que, nos grupos em jejum, as fibras menores diminuíram em densidade, uma vez que as mesmas foram consumidas durante a privação alimentar. Uma vez que ao longo da realimentação foi possível observar uma tendência dos indivíduos a apresentar as mesmas condições dos indivíduos limentados continuamente, pode-se afirmar que até os 30 dias de realimentação, houve uma total recuperação do período de inanição. Após os 60 dias de realimentação, no entanto, o que se observa é uma total compensação da carpa ao jejum. Tendo em vista uma melhor produção com menor custo com a alimentação, seria interessante adotar este tipo de programa alimentar para a carpa, uma vez que o mesmo não prejudica a qualidade do produto final a ser comercializado.
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