EP-345 - CRIPTOCOCOSE CUTÂNEA, GANGLIONAR E EM PARÓTIDAS EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE - RELATO DE CASO

Introdução: A criptococose é uma micose sistêmica causada pela inalação de leveduras do Cryptococcus neoformans ou Cryptococcus gatti, que tem predileção para acometimento de pulmão e sistema nervoso central. A identificação desta infecção em pacientes imunocompetentes e com manifestações atípicas torna-se essencial para melhor prognóstico e desfecho clínico. Objetivo: Relatar um caso raro de criptococose acometendo pele, linfonodos e parótidas em paciente imunocompetente. Método: Relato de caso e revisão de literatura. Resultados: Homem, 37 anos, sem comorbidades, queixava-se de febre há 3 meses, entre 37,8°C e 38,3°C, preferencialmente no período vespertino e de abaulamento na região submandibular direita há 2 meses. No mesmo período, notou o surgimento de pápulas eritematosas, não pruriginosas, em tronco, face e membros superiores, além de perda ponderal de aproximadamente dez quilos. Relatou o hábito de varrer fezes de aves frequentemente e negava contato com área rural. Ao exame físico, notaram-se linfonodos palpáveis, pequenos, fibroelásticos, móveis e indolores em região submandibular, cervical, retroauricular e inguinal bilateralmente, além de lesões papulares acastanhadas em face e tronco. Foram realizadas tomografias de pescoço, tórax e abdômen, que evidenciaram linfonodomegalia generalizada, sendo feita uma biópsia excisional de linfonodo inguinal com linfadenite granulomatosa e PAS/mucicarmin positivo nas estruturas fúngicas, favorecendo o diagnóstico de criptococose. O líquor não apresentou alterações bioquímicas e a tinta da China e culturas foram negativas. A ressonância de encéfalo evidenciou múltiplas lesões com centro necrótico e realce anelar no tecido subcutâneo da transição crânio cervical posterior e em ambas as parótidas. O teste para HIV resultou não reagente. O paciente foi tratado com fluconazol por 12 meses, com resolução total do quadro. Conclusão: A infecção pelo criptococo em indivíduo imunocompetente é incomum e, quando ocorre, o pulmão e o SNC são os órgãos mais acometidos. Este relato de caso demonstra uma forma atípica da criptococose em imunocompetente, desafiando as concepções convencionais sobre esta doença. Não encontramos outros relatos semelhantes na literatura médica, sendo assim, torna-se importante conhecer esta manifestação da infecção para um diagnóstico rápido e tratamento oportuno, melhorando assim, o prognóstico do paciente.