Trajetórias educacionais formais de mulheres negras : entre exclusões e resistências

O presente trabalho se atém às trajetórias educacionais formais de três mulheres negras, destacando as discriminações e exclusões enfrentadas, por cada uma, durante seus percursos educacionais formais. Identifica-se, dessa forma, por meio de suas narrativas, os enfrentamentos étnicos-raciais vivenciados e seus posicionamentos sobre o racismo estrutural experienciado em nossa sociedade. A pesquisa de cunho qualitativo ocorreu através de entrevistas semiestruturadas e foi se constituindo conforme o diálogo estabelecido. Posteriormente, buscou-se identificar e analisar, a partir de uma escuta atenta às suas histórias, possíveis respostas ao seguinte problema de pesquisa: Estudantes negras, em seus percursos educacionais formais, enfrentam situações de discriminações étnico-raciais? Que situações são essas? Para responder essas questões o trabalho foi dividido em: introdução intitulada: constituir-se e reconhecer-se negra: tecendo tranças com vários fios, que apresenta as primeiras reflexões e minha aproximação com a temática. No primeiro capítulo intitulado: Investigações sobre relações étnico-raciais: fios de uma trança nagô apresento uma revisão de literatura. Em seguida, destaco o percurso metodológico. Tal capítulo foi intitulado modos de fazer pesquisa e apresenta as participantes das entrevistas bem como os referenciais que sustentam a investigação. No terceiro capítulo, são analisadas as narrativas das entrevistadas em interlocução com o material teórico consultado. Como resultados apresento as seguintes densidades analíticas: as exclusões e suas relações com a tonalidade da cor da pele, a invisibilidade e a necessidade de pertencimento no período escolar, os sentimentos, percepções e resistências em uma escola de maioria branca, as discriminações e suas relações com os aspectos físicos e, por último as situações na universidade onde os desafios se multiplicam. De forma geral, a pesquisa aponta que a sociedade ainda está marcada pelo racismo estrutural e por uma cultura racista. O número de negros ocupando espaços educacionais ainda são muito baixos, e para que isso se modifique são necessárias novas estratégias, que incluam o negro, que lhe ofereçam oportunidades nos ambientes educacionais. Somente assim será possível, para nós negros, ocuparmos espaços, que são nossos de direito.

The present work adheres to the formal educational trajectories of three black women, highlighting the discrimination and exclusions faced by each one during their formal educational pathways. In this way, through their narratives, the ethnic-racial confrontations experienced and their positions on the structural racism experienced in our society are identified. The qualitative research took place through semi-structured interviews and was constituted according to the established dialogue. Subsequently, an attempt was made to identify and analyze, from an attentive listening to their history, possible answers to the following research problem: Black students, in their formal educational pathways, face situations of ethnic-racial discrimination? What are these situations? To answer these questions, the work was divided into: introduction entitled: constituting and recognizing oneself as black: weaving braids with several threads, which presents the first reflections and my approach to the theme. In the first chapter entitled: Investigations on ethnic-racial relations: threads of a Nagô braid I present a literature review. Then, I highlight the methodological path. This chapter was entitled ways of doing research and presents the interview participants as well as the references that support the investigation. In the third chapter, the interviewees' narratives in dialogue with the consulted theoretical material are analyzed. As a result, I present the following analytical densities: exclusions and their relationships with skin color, invisibility and the need to belong in the school period, feelings, perceptions and resistances in a white school, discrimination and their relations with the physical aspects and, finally, the situations at the university where the challenges are multiplying. In general, the research points out that society is still marked by structural racism and a racist culture. The number of blacks occupying educational spaces is still very low, and for this to change, new strategies are needed, which include blacks, which offer opportunities in educational environments. Only in this way will it be possible, for us blacks, to occupy spaces, which are our right.