Malformações oculares congénitas em cães e gatos : estudo de 123 casos
2019
Saraiva, Inês Quintão | Delgado, Esmeralda Sofia da Costa
Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária
Afficher plus [+] Moins [-]As malformações oculares congénitas são alterações raras que ocorrem por defeitos no desenvolvimento ocular embrionário, que podem surgir espontaneamente ou ser induzidas por fatores teratogénicos durante a gestação, incluindo fatores genéticos e não genéticos. Podem afetar um ou ambos os olhos e surgir isoladamente ou de forma combinada. O presente estudo teve como principais objetivos determinar qual a prevalência das malformações oculares congénitas em cães e gatos e quais as mais frequentemente diagnosticadas em cada espécie. A amostra incluiu cães e gatos diagnosticados com uma ou mais malformações oculares congénitas registados no Hospital Escolar Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa entre janeiro de 2011 e junho de 2018. Os seguintes parâmetros foram analisados: espécie, sexo, raça, idade de apresentação e de diagnóstico, malformações presentes, número e forma de apresentação das mesmas, estímulo iatrotrópico, queixas de visão, tratamento instituído e reavaliações. Adicionalmente, foi desenvolvido um inquérito sobre o tema destinado a ser preenchido por Médicos Veterinários de pequenos animais com especial interesse na área de Oftalmologia. De 32974 cães e 13977 gatos que se apresentaram no hospital, um total de 123 animais preencheu os requisitos de inclusão: 103 cães (0,3%) e 20 gatos (0,1%). A maioria dos cães era de raça indeterminada (18,4%), destacando-se em segundo lugar a raça Bouledogue Francês (15,5%) e a maioria dos gatos era Europeu Comum (65,0%). Não foi identificada predisposição de sexo em nenhuma das espécies, nem associada a uma malformação em particular. A idade mediana de diagnóstico foi de 12 meses em cães e 6 meses em gatos. As malformações oculares congénitas mais frequentemente observadas foram: catarata congénita (cães: 31,1%, gatos: 30,0%), membrana pupilar persistente (cães: 27,2%, gatos: 40,0%) e microftalmia (cães: 35,0%, gatos: 25,0%). Adicionalmente, foram identificadas associações estatisticamente significativas entre a presença de diferentes malformações. Além disso, foi também detetada uma associação significativa entre a presença de quistos dermoides e cães da raça Bouledogue Francês (p<0,001). Enquanto em cães, o estímulo iatrotrópico estava mais frequentemente relacionado com as malformações ou os seus efeitos secundários, em gatos constituiu um achado acidental. Algumas malformações oculares congénitas apresentaram um grande impacto na visão dos animais e/ou provocaram alterações oculares graves, enquanto outras não tinham grande significado clínico. Por outro lado, alguns animais beneficiaram de intervenção cirúrgica ou médica, enquanto outros casos não necessitaram de tratamento. Apesar destas alterações serem pouco frequentes em cães e gatos, é importante que o clínico as saiba reconhecer.
Afficher plus [+] Moins [-]ABSTRACT - CONGENITAL OCULAR MALFORMATIONS IN DOGS AND CATS: A STUDY OF 123 CASES - Congenital ocular malformations are rare anomalies that occur after an abnormal ocular embryonic development that can appear spontaneously or be induced by teratogenic factors during gestation, including genetic and non-genetic factors. They may affect one or both eyes and can be identified alone or in combination. The main goals of the present study were to determine the prevalence of congenital ocular malformations in dogs and cats and the most commonly diagnosed anomalies in each species. The sample included dogs and cats diagnosed with one or more congenital ocular malformations admitted to the Veterinary Teaching Hospital of the Faculty of Veterinary Medicine of Lisbon University between January 2011 and June 2018. The following parameters were analysed: species, sex, breed, age of presentation, age of diagnosis, congenital ocular malformations, number and form of presentation of the anomalies, reason for presentation, vision impairment complaints, treatment option and re-examinations. Additionally, an inquiry about the subject was created and distributed to small animal veterinarians with special interest in Ophthalmology. Of 32974 dogs and 13977 cats which were presented to the hospital, a total of 123 animals met the inclusion criteria: 103 dogs (0,3%) and 20 cats (0,1%). The majority of the dogs were mixed-breed (18,4%), with the most common breed being the French Bulldog (15,5%), and the majority of the cats were European domestic cats (65,0%). Sex predisposition associated with species or a specific anomaly was not found. The median age of diagnosis was 12 months in dogs and 6 months in cats. The most commonly observed ocular congenital malformations were: congenital cataract (dogs: 31,1%, cats: 30,0%), microphthalmia (dogs: 35,0%, cats: 25,0%) and persistent pupillary membrane (dogs: 27,2%, cats: 40,0%). Additionally, some of the concurrently observed anomalies were significantly associated. Moreover, a statistically significant association was found between dermoids and French Bulldogs (p<0,001). While in dogs the malformations were more frequently diagnosed after owners’ complaints regarding the anomaly itself or its secondary effects, in cats they were an accidental finding. Some of these anomalies caused major vision impairment and/or severe ocular lesions, whereas others did not have clinical significance. Furthermore, several congenital ocular malformations were treated surgically, some were managed medically, while others did not require treatment. Despite the rare occurrence of theses anomalies in dogs and cats, it is important that the clinician is able to recognize them.
Afficher plus [+] Moins [-]Mots clés AGROVOC
Informations bibliographiques
Cette notice bibliographique a été fournie par Technical University of Lisbon
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