A ameaça dos contaminantes orgânicos sintéticos para a biodiversidade de áreas costeiras: o que as ostras podem nos contar?

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Físicas e Matemáticas, Programa de Pós-Graduação em Oceanografia, Florianópolis, 2025.

As baías da Ilha de Santa Catarina são de importância socioeconômica crítica, mas estão cada vez mais sendo afetadas por pressões antrópicas e entradas de poluentes. Para avaliar seu estado de contaminação, duas espécies de ostras (Crassostrea gigas e Crassostrea gasar) foram transplantadas por 14 dias para seis locais distintos dentro das baías. Após a exposição, foi quantificada a bioacumulação de contaminantes emergentes (CEs), especificamente oxibenzona (OXY); poluentes orgânicos persistentes (POPs), incluindo bifenilos policlorados (PCBs), praguicidas organoclorados (OCPs) e éteres difenílicos polibromados (PBDEs); além de alquilbenzenos lineares (LABs). Também foram avaliados os potenciais riscos à saúde humana associados ao consumo de ostras. Não foram observadas diferenças significativas nas concentrações de contaminantes entre as espécies. PCBs, OCPs e LABs foram detectados em quase todas as amostras, com frequências de detecção próximas de 100% para ambas as espécies. Em contraste, a OXY foi detectada esporadicamente, enquanto os PBDEs não foram detectados em nenhuma amostra. As concentrações de contaminantes seguiram a seguinte ordem: LABs (média: 864,38 ng g?¹ peso seco; intervalo: LOQ?2437,64 ng g?¹ peso seco) > DDTs (3,78 ng g?¹ peso seco; intervalo: 1,50?6,15 ng g?¹ peso seco) > PCBs (1,23 ng g?¹ peso seco; intervalo: 0,18?2,98 ng g?¹ peso seco) > OXY (43,75 ng g?¹ peso seco; intervalo: LOQ?260 ng g?¹ peso seco). Notavelmente, níveis mais elevados de PCBs e DDTs foram registrados no Rio Imaruí e Biguaçu, ambos reconhecidos como áreas sujeitas a substancial influência antrópica. Esses achados ressaltam a presença disseminada de contaminantes legados e emergentes em ambientes costeiros e destacam a utilidade de ostras para o monitoramento ambiental e a avaliação de riscos à saúde humana.

Abstract: The bays of Santa Catarina Island are of critical socio-economic importance but are increasingly affected by anthropogenic pressures and pollutant inputs. To assess their contamination status, two oyster species (Crassostrea gigas and Crassostrea gasar) were transplanted for 14 days to six distinct sites within the bays. Postexposure, bioaccumulation of emerging contaminants (ECs), specifically oxybenzone (OXY); persistent organic pollutants (POPs), including polychlorinated biphenyls (PCBs), organochlorine pesticides (OCPs) and polybrominated diphenyl ethers (PBDEs); and linear alkylbenzenes (LABs) was quantified. Potential human health risks associated with oyster consumption were also evaluated. No significant differences in contaminant concentrations were observed between species. PCBs, OCPs, and LABs were detected in nearly all samples, with detection frequencies approaching 100% for both species. In contrast, OXY was sporadically detected, while PBDEs were not detected in any sample. Contaminant concentrations followed the order: LABs (mean: 864.38 ng g?¹ dw; range: LOQ?2437.64 ng g?¹ dw) > DDTs (3.78 ng g?¹ dw; range: 1.50?6.15 ng g?¹ dw) > PCBs (1.23 ng g?¹ dw; range: 0.18?2.98 ng g?¹ dw) > OXY (43.75 ng g?¹ dw; range: LOQ?260 ng g?¹ dw). Notably, higher levels of PCBs and DDTs were recorded at Imaruí and Biguaçu River, both recognized as areas subject to substantial anthropogenic influence. These findings underscore the pervasive presence of legacy and emerging contaminants in coastal environments and highlight the utility of oyster for environmental monitoring and human health risk assessment.