Efeito de sistemas de manejo no armazenamento de água do solo na bacia hidrográfica do Córrego Taquara, Distrito Federal.

RESUMO - A ocupação do Cerrado, a partir da década de 1970, tem provocado o assoreamento dos rios e de outros corpos d’água, a compactação e a erosão do solo pelo uso e manejo inadequados, comprometendo uma demanda cada vez maior em quantidade e qualidade de água. O objetivo desse trabalho foi estudar o efeito de diferentes sistemas de manejo nas propriedades que afetam a capacidade do solo de armazenar água, e, por conseguinte, o balanço hídrico da Bacia Hidrográfica do Córrego Taquara, no Distrito Federal. As amostras de solo, indeformadas, foram coletadas em vinte e sete propriedades, levando-se em conta as suas posições na bacia hidrográfica num transecto com três repetições equidistantes. Foram amostrados três classes de solo: Latossolo Vermelho (LV), Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA) e o Neossolo Quartzarênico (RQ) e quatro sistemas de manejo: plantio convencional (PC) com arado discos e grade niveladora leve, plantio direto (PD), pastagem (PAST), e Cerrado nativo (CE). Foram calculadas a água de percolação no solo (APERC), a água armazenada disponível às plantas (AADP), e a água total no solo (ATS), expressas em %V. A AADP foi maior no Neossolo Quartzarênico que no Latossolo Vermelho Amarelo, mas esses dois, não se diferenciaram do Latossolo Vermelho, ficando a média em torno de 1 mm de água cm-1 de solo, em um perfil de 0 a 60 cm. Os sistemas de manejo afetaram de modo distinto a AADP, sendo os sistemas PD e PC, os que apresentaram os maiores valores, encontrados preferencialmente na região norte da bacia hidrográfica, à jusante. Em relação à água de percolação (APERC), o CE apresentou valores superiores aos de PC e PAST, que, por sua vez, foram maiores do que PD. Os maiores valores de APERC estão localizados à montante da bacia hidrográfica, especialmente, nas áreas de captação de água e formação das nascentes do Córrego Taquara, assim como a água total no solo (ATS), tanto para solos, quanto para sistemas de manejo, que ficou em torno de 33%V. Os resultados encontrados reforçam a necessidade de adoção de práticas conservacionistas, como terraceamento, para todos os sistemas de manejo, inclusive, para o plantio direto. Também demonstram a necessidade de se fazer o planejamento conservacionista, incluindo averbação e manejo das reservas legais (RL), respeito às áreas de preservação permanente (APPs) das propriedades, e alocação de Unidades de Conservação em posições estratégicas e efetivas de captação e manutenção das vazões hídricas dos córregos e rios.