Diversidade biológica, recursos genéticos e a sustentabilidade da agricultura.

No ano 2025, estima-se que existirão 8,5 bilhões de habitantes no nosso planeta, dos quais 7 bilhões estarão vivendo em países em desenvolvimento da Ásia, África e América Latina. Estará o mundo preparado para produzir e distribuir alimentos para esta população, de forma sustentável e sem degradar o meio ambiente? Dois possíveis cenários se colocam em relação à esta questão. No primeiro, alguns países industrializados continuarão a produzir alimentos bem acima das suas necessidades e exportar o excesso da produção para países em desenvolvimento. Neste caso, os países desenvolvidos deverão exportar cerca de 300 milhões de toneladas por ano de grãos para o mundo em desenvolvimento em 2025. Se forem levadas em consideração as necessidades plenas dos pobres nesta época, outras 400 milhões de toneladas de grãos teriam que ser distribuídas por ano, na forma de ajuda humanitária, ao custo de 44 bilhões de dólares por ano, aos preços de 1988. No segundo, países em desenvolvimento irão aumentar significativamente suas próprias produção de alimentos de forma a suprir suas necessidades, inclusive aquelas das populações carentes, investindo pesadamente em desenvolvimento agrícola, como parte do processo geral de desenvolvimento. Em quaisquer das situações acima, o uso sustentável de recursos genéticos terá grande importância estratégica, visando manter níveis adequados de produtividade, a custos baixos e minimizando os impactos ambientais. O acesso a ampla diversidade genética das espécies de plantas, animais e microorganismos de interesse agrícola, especialmente dos cultivos associados a matriz de alimentação humana, tem se constituído em um dos fatores chaves para o sucesso das atividades de melhoramento genético e, por consequência, para o desenvolvimento das variedades de plantas e de raças animais que alimentam parte significativa da população mundial. Sua conservação e uso é, portanto, uma necessidade estratégica a ser considerada na implementação de políticas e mecanismos voltados para a garantia de produção sustentável de alimentos básicos.