Classificação do nível de biossegurança em explorações de Ovinos e Caprinos em Portugal
2024
Alavedra, Maria Helena Kempenaar de Bourbon | García Diez, Juan | Coelho, Ana
A nível dos sistemas de produção animal a biossegurança constitui o conjunto de medidas a serem implementadas pelos produtores de modo a gerir o risco de introdução e/ou disseminação de agentes etiológicos na exploração. A biossegurança deve ser vista como uma ferramenta que contribui para o aumento da produtividade e da segurança dos produtos da exploração. Em Portugal, as explorações de ovinos e caprinos são muito heterogéneas, existindo explorações pequenas, de mera subsidência, em regime extensivo, e explorações em sistema intensivo altamente especializadas. As explorações familiares desempenham um papel vital nos aspetos económicos e socioculturais das populações de zonas despovoadas e de pastos pobres, bem como no controlo do crescimento do mato rasteiro, ajudando na prevenção dos incêndios florestais que anualmente fustigam o nosso país. A realização de avaliações quantitativas de biossegurança ajuda a motivar os produtores e médicos veterinários a assumir um compromisso com a adoção de medidas de biossegurança (MBS) adequadas para cada exploração. Porém, ainda não foi desenvolvido uma ferramenta de avaliação da biossegurança em explorações de ovinos e caprinos. De modo a perceber qual o entendimento dos produtores de pequenos ruminantes acerca da biossegurança, quais as MBS já implementadas a nível das explorações e quais as dificuldades sentidas na implementação das mesmas, foi desenvolvido um rastreio epidemiológico e um questionário foi elaborado. O questionário é composto por 12 secções com um total de 88 perguntas, e dirigiu-se a produtores de pequenos ruminantes de todas as zonas de Portugal Continental, e de todos os tipos de exploração (extensivo, semi-intensivo, intensivo). Foram recolhidos dados epidemiológicos de 75 explorações. No que diz respeito aos resultados obtidos, verificou-se que 53,3% dos produtores afirma que é possível ocorrer contacto entre o efetivo e animais externos, e 74,7% das explorações possui vedação quer permite a passagem de animais. 85,3% das explorações não possui plano de limpeza e desinfeção de infraestruturas, equipamentos e materiais. A nível de infraestruturas,69,3% não tem maternidade, 48% não tem área para animais jovens, e 54,7% não possui área de quarentena. Apenas 13,3% dos produtores garante a rastreabilidade dos alimentos oferecidos ao efetivo, e 42,7% afirma que os alimentos não são armazenados ao abrigo de contaminações. Em 86,7% das explorações não existe plano de emergência em caso de doença e 34,7% não isola os animais doentes ou suspeitos de doença. O maneio do estrume e cadáveres é executado de forma satisfatória por 86,7% e 97,3% das explorações, respetivamente. Foram também identificadas algumas MBS, que embora importantes em explorações intensivas, não são exequíveis em explorações de menores dimensões, como por exemplo a instalação de rodilúvios e ou a separação dos animais em diferentes lotes consoante a idade, condição fisiológica e fase de produção. Este estudo realça a necessidade de um acompanhamento e avaliação de biossegurança personalizados a cada tipo de exploração, senão mesmo a cada exploração, visto que as possibilidades de cada produtor variam muito, e que nem todas as medidas de biossegurança que são implementadas nas explorações intensivas, podem ou devem ser implementadas nas explorações extensivas.
显示更多 [+] 显示较少 [-]In animal production systems, biosecurity constitutes the set of measures to be implemented by the producers in order to manage the risk of introduction and/or dissemination of etiological agents within the farm. Biosecurity should be seen as a tool that contributes to increasing productivity and the safety of the products. In Portugal, sheep and goat farms are very heterogeneous, ranging from small subsistence farms in extensive systems to highly specialized intensive systems. Family farms play a vital role in the economic and sociocultural aspects of populations in depopulated areas and poor pastures, as well as in controlling the growth of underbrush, helping to prevent the forest fires that annually ravage our country. Conducting quantitative biosecurity assessments prompts producers and veterinarians to commit to adopting appropriate biosecurity measures (BSM) for each farm. However, a biosecurity assessment tool for sheep and goat farms has not yet been developed. To understand small ruminant producers' knowledge of biosecurity, the BSM already implemented at the farm level, and the difficulties experienced in implementing them, an epidemiological survey was developed, and a questionnaire was created. The questionnaire is composed of 12 sections with a total of 88 questions and was directed at small ruminant producers from all regions of mainland Portugal and all types of farming systems (extensive, semi-intensive, intensive). Epidemiological data were collected from 75 farms. Regarding the results obtained, it was found that 53.3% of producers stated that contact between their livestock and external animals is possible, and 74.7% of farms have incomplete fencing that allows animals to pass through. 85.3% of farms do not have a cleaning and disinfection plan for infrastructure, equipment, and materials. In terms of infrastructure, 69.3% do not have a maternity area, 48% do not have an area for young animals, and 54.7% do not have a quarantine area. Only 13.3% of producers ensure the traceability of the feed offered to the livestock, and 42.7% state that the feed is not stored in a way that prevents contamination. In 86.7% of farms an emergency plan in case of disease does not exist, and 34.7% do not isolate sick or suspected sick animals. Manure and carcass management is carried out satisfactorily by 86.7% and 97.3% of farms, respectively. Also, some BSM were identified because, while important in intensive farms, are not feasible in smaller-scale farms, such as installing wheel dips or separating animals into different groups based on age, physiological condition, and production phase. This study highlights the need for personalized biosecurity monitoring and assessment for each type of farm, if not each individual farm, given the considerable variation in each producer's circumstances and that not all BSM implemented in intensive farms can or should be implemented in extensive farms.
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