Suplementação de metionina protegida com dois perfis de energia adicional no desempenho e metabolismo em vacas leiteiras

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo de Almeida

Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Defesa : Curitiba, 30/08/2022

Inclui referências

Resumo: O balanceamento de dietas por aminoácidos vem sendo difundido em fazendas leiteiras ao passo que pesquisas tem sugerido a interação entre os metabolismos proteico e energético na fisiologia de vacas leiteiras. Dessa forma o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da suplementação de metionina protegida ruminalmente, associada ou não a uma fonte extra de energia com dois perfis diferentes, sobre o desempenho produtivo, metabólico e sobre o processo de síntese de gordura do leite em vacas de alta produção no meio da lactação. No primeiro experimento, foram utilizadas 112 vacas multíparas da rac¸a Holandesa com média de 2,8 ± 0,7 lactações, 184,7 ± 66,8 dias em lactação, 49,1 ± 6,7 kg/d de leite, 4,1 ± 0,6 %G e 3,2 ± 0,2 %P. Os animais foram alocados em blocos em arranjo de tratamento fatorial em um dos 4 tratamentos: Controle, sem suplementação de gordura ou Met (CONT); Alta energia, com suplementação de gordura hidrogenada, porém sem Met (AE); Controle, sem suplementação de gordura, porém com suplementação de Met (MET); Alta energia, com suplementação de gordura hidrogenada e com suplementação de Met (METAE). O período experimental total foi de 38 dias, sendo os três primeiros dias utilizados para coleta de dados como covariáveis. As variáveis mensuradas foram produção e composição do leite, parâmetros sanguíneos e perfil de ácido graxos no leite. O grupo AE produziu mais leite (1,5 kg/d; P=0,02) e leite corrigido para energia (2,0 kg/d; P<0,01). A suplementação de MET aumentou a produção leite corrigida para energia (0,75 kg/d; P=0,01) e a excreção de energia diária no leite (1,46 Mcal/d; P<0,01). A concentração de proteína do leite foi incrementada pela suplementação de MET (3,30 vs. 3,11%; P<0,01) em relação aos animais do grupo CONT, porém a produção diária de proteína teve resposta para ambos os tratamentos, sendo que as suplementações de MET e AE aumentaram (P<0,01) 80 e 70 g/d de proteína do leite, respectivamente. A concentração de gordura do leite apenas aumentou pela MET (+0,26 pontos percentuais; P<0,01). Com relação ao perfil de ácidos graxos no leite, o tratamento AE reduziu a proporção de C16:0 e aumentou as proporções de C18:1 c11, C18:3 n3 e C17:0. Já o tratamento MET também reduziu a proporção de C16:0, porém aumentou significativamente a proporção de diversos mono e poli- insaturados (C18:1 c9, C18:1 c11 e C18:1 c13). No segundo experimento, Utilizou-se 80 vacas multíparas da raça Holandês com 2,4 ± 0,6 lactações, 159,5 ± 67,7 dias em lactação, 36,53 ± 4,5 kg/d de leite, 3,3 ± 0,7% G e 3,1 ± 0,2% P, seguindo o mesmo delineamento e período experimental, porém com os 4 seguintes tratamentos: Controle, uma dieta com 23% de amido (%MS) sem suplementação de açúcar ou Met (CONT); Alta energia, com suplementação de 1,7%MS de açúcar cristal, porém sem Met (AE); Controle, sem suplementação de açúcar, porém com suplementação de Met (MET); e a interação de ambos os tratamentos (METAE). O grupo AE produziu mais leite fluido (2,2 kg/d; P<0,01) e leite corrigido para energia (1,6 kg/d; P<0,01), além de aumento na produção diária de proteína e lactose. A suplementação de MET aumentou a concentração de P% (0,10 pontos percentuais P<0,01) e tendeu a aumentar a de G% (0,13, P=0,11), porém sem nenhuma resposta em produção diária de sólidos. Interessantemente, houve redução de 0,09 pontos percentuais no teor de lactose (P=0,02) nos grupos suplementados com MET. Houve um aumento significativo de 7,9% (P=0,05) na eficiência do uso do N por kg de proteína produzida na interação entre MET e AE. A amplitude de resposta a suplementação de MET parece não ser apenas aditiva, mas dependente do perfil energético da dieta, onde dietas pouco glicogênicas parecem ser menos interativas com AA

Abstract: The balance of diets by amino acids has been widespread in dairy farms, while research has suggested the interaction between protein and energy metabolism in the physiology of dairy cows. Thus, the aim of the present study was to evaluate the effect of ruminally protected methionine supplementation, associated or not with an extra source of energy with two different profiles, on productive and metabolic performance and on the process of milk fat synthesis in cows. of high production in the middle of lactation. In the first experiment, 112 multiparous Holstein cows with an average of 2.8 ± 0.7 lactations, 184.7 ± 66.8 days in lactation, 49.1 ± 6.7 kg/d of milk, 4, 1 ± 0.6 %F and 3.2 ± 0.2 %P. The animals were allocated in blocks in a factorial treatment arrangement in one of the 4 treatments: Control, without fat or Met supplementation (CONT); High energy, with hydrogenated fat supplementation, but without Met (HE); Control, without fat supplementation, but with Met (MET) supplementation; High energy, with hydrogenated fat supplementation and with Met supplementation (METHE). The total experimental period was 38 days, with the first three days used for data collection as covariates. The variables measured were milk production and composition, blood parameters and fatty acid profile in milk. The HE group produced more milk (1.5 kg/d; P=0.02) and energy-corrected milk (2.0 kg/d; P<0.01). MET supplementation increased energy-corrected milk production (0.75 kg/d; P=0.01) and daily energy excretion in milk (1.46 Mcal/d; P<0.01). Milk protein concentration was increased by MET supplementation (3.30 vs. 3.11%; P<0.01) in relation to animals in the CONT group, but the daily protein production had a response for both treatments, MET and HE supplements increased (P<0.01) 80 and 70 g/d of milk protein, respectively. Milk fat concentration only increased by MET (+0.26 percentage points; P<0.01). Regarding the fatty acid profile in milk, the HE treatment reduced the C16:0 ratio and increased the C18:1 c11, C18:3 n3 and C17:0 ratios. The MET treatment also reduced the proportion of C16:0, but significantly increased the proportion of several monounsaturated and polyunsaturated (C18:1 c9, C18:1 c11 and C18:1 c13). In the second experiment, 80 multiparous Holstein cows with 2.4 ± 0.6 lactations, 159.5 ± 67.7 days in lactation, 36.5 ± 4.5 kg/d of milk, 3.3 ± 0.7% F and 3.1 ± 0.2% P, following the same design and experimental period, but with the following 4 treatments: Control, a diet with 23% starch (%DM) without sugar supplementation or Met(CONT); High energy, supplemented with 1.7% DM of crystal sugar, but without Met (HE); Control, without sugar supplementation, but with Met (MET) supplementation; and the interaction of both treatments (METHE). The HE group produced more fluid milk (2.2 kg/d; P<0.01) and energy-corrected milk (1.6 kg/d; P<0.01), in addition to an increase in daily protein production and lactose. MET supplementation increased the concentration of P% (0.10 percentage points P<0.01) and tended to increase that of F% (0.13, P=0.11), but without any response in daily production of solids. Interestingly, there was a reduction of 0.09 percentage points in lactose content (P=0.02) in the groups supplemented with MET. There was a significant increase of 7.9% (P=0.05) in the efficiency of N use per kg of protein produced in the interaction between MET and HE. The amplitude of response to MET supplementation appears to be not only additive, but dependent on the energy profile of the diet, where low- glycogenic diets appear to be less interactive with AA