O sucesso de um empreendimento florestal depende, entre outros fatores, da boa qualidade das mudas empregadas nos plantios florestais. Mudas de má qualidade, atacadas por pragas (insetos e ácaros) ou acometidas por doenças, se tornam mais suscetíveis aos fatores bióticos e abióticos no campo. A bibliografia sobre pragas em viveiros florestais muitas vezes não reflete a realidade das diversas regiões do Brasil e suas especificidades. Assim, o presente estudo tem por objetivo levantar aspectos relacionados ao manejo de pragas em dez viveiros florestais no Brasil. Para tanto, foi realizado um levantamento dos viveiros florestais no país, seguida de uma avaliação quali-quantitativa do manejo de pragas. Como instrumento de pesquisa, foi elaborado um questionário pré-estabelecido, do tipo semiaberto, composto por um misto de questões fechadas e abertas. A partir dos dados levantados verificou-se que 80% dos viveiros possuem responsável técnico e inscrição no Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM), sendo que 80% dos técnicos são engenheiros florestais ou agrônomos. Dos responsáveis técnicos, 70% dizem não saber reconhecer a praga. Em 40% dos viveiros foi verificado desconhecimento de práticas de monitoramento. Os métodos de controle de pragas mais utilizados são o químico e o biológico. Conclui-se ser necessário o treinamento constante de responsáveis técnicos de viveiros florestais no Brasil, para a correta identificação de pragas e realização de monitoramento, embasando assim, uma tomada de decisão assertiva dos métodos de controles aplicados no manejo integrado de pragas.

Considerando a importância do bioma Pantanal e das espécies que nele habitam o objetivo desse estudo foi descrever a fauna de himenópteros associada a bancos de macrófitas aquáticas no Pantanal do Nabileque, fornecendo informações sobre a composição, riqueza e abundância de espécies definindo padrões de associações entre as espécies animais e vegetais. Foram realizadas coletas mensais entre março a julho de 2009 no rio Paraguai na cidade de Porto Murtinho, abrangendo meses das estações de seca e cheia na região. As amostragens foram realizadas por meio de captura ativa com puçás. Foram capturadas 10 espécies de himenópteros. As famílias com maior riqueza de espécies foram Apidae e Vespidae, com três espécies diferentes cada uma, e Halictidae, Pompilidae, Cabronidae e Tiphiidae foram representados com apenas uma espécie. Os himenópteros foram mais abundantes na estação seca, ocorrendo 114 espécimes e a estação cheia com apenas 17 espécimes. Estes insetos visitaram 12 espécies de macrófitas aquáticas. Nossos resultados mostram que alguns táxons de himenópteros tanto sociais quanto solitários são importantes visitantes de macrófitas aquáticas do Pantanal, além disso, aqui evidenciamos grupos que usualmente são negligenciados quanto a interação com plantas e seu possível papel ecossistêmico de polinização.

As vespas sociais utilizam vários substratos para nidificação, como já reportado para o gênero Mischocyttarus, o objetivo deste trabalho foi relatar novas nidificações de Mischocyttarus bertonii, assim ampliando informações ecológicas e etológicas da espécie. O estudo foi conduzido no Parque Estadual da Mata Seca e na Fazenda Escola do IFSULDEMINAS, Campus Inconfidentes, utilizando-se do método de busca ativa para a coleta dos espécimes. Foram registradas nidificações em plantas como Mangifera indica L., Cereus jamacaru DC. e ainda em um poste, estando em áreas conservadas ou antropizadas. As nidificações que ocorreram em M. indica L. podem ter ocorridas pela proteção contra intempéries e devido a fonte de alimento providenciada pela planta, já as que ocorreram em C. jamacaru e no poste pode ter ocorrido, também, pela proteção providenciada pelos substratos, além de serem um meio de defesa contra os predadores através dos espinhos dos cactos ou reduzir a pressão da predação como no poste. Por fim, o estudo conclui que, a espécie M. bertonii é bem versátil em relação a escolha do ecossistema para a nidificação, podendo estar presentes tanto em ambientes antropizados ou conservados, utilizando comumente substratos como as cactaceae, mas sugerindo ainda uma adaptação aos ambientes antropizados.

O cultivo de frutíferas de caroço está entre as atividades agrícolas de maior importância na fruticultura brasileira, com destaque para o pessegueiro [Prunus persica (L.) Batsch] e a ameixeira (Prunus domestica L.). Insetos-pragas constituem uma grande ameaça para a fruticultura nacional e, para seu manejo eficiente e racional, é primordial o conhecimento quali-quantitivo de insetos potenciais pragas e inimigos naturais. Este trabalho teve como objetivo realizar o levantamento e análise faunística de insetos ocorrentes em pomar de pessegueiro (P. persica vr. Kampai) e ameixeira (P. domestica vr. Reubennel) no município de Buri, São Paulo. Foram utilizados três tipos de armadilhas: caça-mosca, cartões adesivos amarelos e Moericke (com água e sabão). As coletas foram realizadas quinzenalmente de setembro de 2018 a março de 2019. Verificou-se grande diversidade e abundância de insetos na área estudada, sendo as famílias Aphidae, Formicidae, Chrysomelidae, Dolichopodidae, Muscidae, Otitidae as mais frequentes. A análise faunística realizada nesta pesquisa mostrou que houve incidência de potenciais pragas secundárias, membros das famílias Drosophilidae, Membracidae, Aphidae, Formicidae e Chrysomelidae. Também foi observada diversidade de inimigos naturais das famílias Spongiphoridae, Vespidae, Ichneumonidae e Coccinellidae. A adoção de medidas conservacionistas de inimigos naturais é fundamental para evitar surtos populacionais de potenciais pragas em áreas produtoras.

Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae) destaca-se como uma das principais pragas do tomateiro na atualidade. O objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência do uso de extratos vegetais como método de controle de lagartas de T. absoluta em plantas de tomateiro. Os extratos de neem (Azadirachta indica A. Juss), timbó (Lonchocarpus negrensis Benth), Aloe vera (L.) Burm.f. (Aloefertil®) e tabaco (Nicotiana tabacum L.) foram aplicados sobre as folhas dos tomateiros e, para o grupo controle, aplicou-se água. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, composto por cinco tratamentos e cinco repetições. As pulverizações ocorreram cinco dias após a inoculação das lagartas neonatas e a mortalidade foi avaliada aos três, sete e 10 dias após as aplicações dos tratamentos. O produto comercial Aloefertil® apresentou baixa eficiência de controle (menos de 25%). Os demais tratamentos apresentaram eficiência de controle maior que 80% no início das avaliações, atingindo 100% de eficiência no controle de lagartas de T. absoluta aos 10 dias após a aplicação. Os resultados demonstram potencial dos extratos vegetais testados para o controle de lagartas de T. absoluta como uma estratégia interessante para reduzir os danos causados por esta praga.

Culiseta melanura es un mosquito importante debido a su papel en el ciclo de transmisión del virus de la Encefalitis Equina del Este. Se distribuye desde el sur de Quebec a través de Maine y el área de los Grandes Lagos hasta el sur de Florida y el Este de Texas, y en el noreste de México. En este estudio determinamos la distribución potencial de Cs. melanura en el continente americano y la importancia de las variables bioclimáticas en la conformación de dicha distribución. Para representar la distribución potencial de Cs. melanura se utilizó un modelo de máxima entropía (MaxEnt, versión 3.4.1). Se utilizó un total de 80 registros geográficos obtenidos de GBIF y literatura pertinente. Los datos de clima se obtuvieron de 19 capas climáticas disponibles en la base de datos WorldClim versión 2.0. El área bajo la curva del modelo generado tuvo un valor de 0.98, lo cual indica que es un modelo con buena confiabilidad. Los resultados mostraron áreas de idoneidad de hábitat en la costa sur de Alaska, costa este y oeste de Canadá, centro de Estados Unidos, Colombia, Ecuador, Perú, sur de Chile, sur de Brasil, costa este de Argentina y Uruguay. Esta información puede ser útil en los programas de vigilancia entomológica para el monitoreo de Cs. melanura en países como Estados Unidos y Canadá donde actualmente esta especie está presente.

A ordem Megaloptera é representada no Brasil por cerca de 26 espécies pertencentes a duas famílias, entretanto, há poucos estudos de inventários sobre essa ordem de insetos no país. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo de realizar um levantamento da fauna de Megaloptera em três Unidades de Conservação (UC) e atualizar o número de espécies para o Estado de Minas Gerais, Brasil. O estudo foi conduzido na Área de Proteção Ambiental do Rio Machado, na Área de Proteção Ambiental Fernão Dias e no Parque Nacional das Sempre Vivas no período de setembro de 2018 a Janeiro de 2020. Foram coletadas duas espécies de Corydalidae, Corydalus diasi e Chloronia sp1., totalizando nove a diversidade de espécies de Megaloptera em Minas Gerais. Os estudos no Estado geralmente se concentram em áreas de Mata Atlântica e Cerrado, entretanto esta ordem é ainda subamostrada em Minas Gerais, o que justifica novos estudos para melhor compreensão da diversidade e distribuição, sobretudo em Unidades de Conservação, o que é necessário para traçar estratégias futuras de conservação para essa ordem.

Debido a la importancia médica de algunas especies de culícidos, su identificación precisa es el primer paso para establecer programas de vigilancia y prevenir la transmisión de patógenos. Para la identificación de culícidos en la ciudad de Chetumal se combinaron datos morfológicos y moleculares (Citocromo c Oxidasa I/Código de barras de ADN). Se colectó un total de 866 especímenes (hembras adultas) que corresponde a siete géneros y 22 especies. Diez de las 22 especies colectadas tienen importancia médica y veterinaria. Sobresalen las especies Aedes aegypti (Linnaeus, 1762), el principal vector de dengue en el mundo, Anopheles albimanus Wiedemann, 1820 y Anopheles vestitipennis Dyar & Knab, 1906, los cuales son principales vectores de paludismo en México. Nuestro estudio enfatiza la relevancia de monitorear los mosquitos en las ciudades fronterizas y la importancia de involucrar diferentes herramientas para la correcta identificación de especies con importancia médica.

A fragmentação de habitats naturais pode ser observada na região de Botucatu, cuja área é de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado. Tal processo impacta negativamente a entomofauna da ordem Lepidoptera, que é considerada excelente bioindicadora de qualidade ambiental. Não há dados de levantamentos da fauna de lepidópteros no Parque Natural Cachoeira da Marta, em Botucatu. Assim, o objetivo do presente trabalho foi realizar um inventário das espécies de borboletas ocorrentes na região da Cachoeira da Marta. Para tal, foram realizadas coletas diurnas no referido parque no período de novembro a março, que contempla a estação chuvosa, com o auxílio de armadilhas e redes entomológicas. Foram coletados 125 indivíduos, distribuídos em 52 espécies e cinco famílias. Os espécimes foram fixados, montados e catalogados com base na observação minuciosa de suas características morfológicas. Foi demonstrado que o Parque Natural Cachoeira da Marta se apresenta como um importante refúgio para a entomofauna de borboletas de Botucatu, com um grande potencial para expansão de estudos de biodiversidade e ecologia semiurbana, pois abriga diversas espécies características da Mata Atlântica e do Cerrado, que podem se tornar ameaçadas caso a região sofra com mais fragmentações.

Quando as populações de Musca domestica (Linnaeus, 1758) (Diptera: Muscidae) se proliferam excessivamente, elas podem se tornar uma praga significativa, capaz de transmitir doenças a humanos e animais. As larvas dessas moscas se desenvolvem em fezes e matéria orgânica, onde também podem ser encontrados predadores naturais como ácaros, especialmente os da família Macrochelidae. A espécie Macrocheles merdarius (Berlese, 1889) (Acari: Macrochelidae) é notável por se adaptar a diversos substratos e pode desempenhar um papel importante no controle biológico de M. domestica. Este estudo teve objetivo de estabelecer uma metodologia para a criação de M. domestica e M. merdarius em laboratório. Os espécimes foram coletados em aviários em Lavras, Minas Gerais, Brasil e identificados com o auxílio de chaves taxonômicas. As moscas adultas foram alimentadas com açúcar, leite em pó e água e as larvas com farelo de trigo, farinha de carne e água, enquanto os ácaros foram cultivados em substrato com farelo de trigo, farinha de carne e água, com adição periódica de ovos e larvas de moscas. O protocolo desenvolvido permitiu a obtenção de 26 gerações de mosca e 36 gerações de ácaro ao longo de dois anos. A metodologia demonstrou ser robusta e de fácil replicação, fornecendo condições ideais para o desenvolvimento de ambas as espécies. O protocolo se apresenta como uma ferramenta viável para estudos futuros sobre o uso de M. merdarius no controle biológico de M. domestica, além de se mostrar eficiente para pesquisas que investigam as interações entre pragas e seus predadores naturais.