Contribuição para o Estudo da Remoção de 17β-Estradiol em água residual tratada através da adição de Ácido Peracético
2018
Jorge, Joana Portela | Rosa, Rita | Noronha, João
Com o crescimento exponencial da população mundial observado nas últimas décadas, e a crescente concentração das populações em cidades, aumentou proporcionalmente a necessidade de produção de água para consumo humano. Como consequência, a reutilização de águas residuais tornou-se cada vez mais uma solução viável para o problema da escassez de água. No entanto, a matriz de água residual é bastante complexa, e nela estão presentes diversos micropoluentes que têm origem do consumo de fármacos e produtos de higiene pessoal, hormonas esteróides, entre outros compostos, passíveis de causar disrupção endócrina quer na fauna do meio recetor, quer nos seres humanos. O 17β-Estradiol faz parte da categoria de hormonas esteróides e classifica-se como sendo um estrogénio de fonte natural, produzido pelo sistema endócrino feminino, responsável pela regularização do sistema reprodutor. É excretado sobretudo através da urina e fezes. As consequências da exposição a este tipo de compostos são a feminização dos machos, em particular de espécies ícticas, impacte na sua função reprodutiva e decréscimo populacional. Nos seres humanos estas consequências são traduzidas no aumento da incidência de cancro da mama, próstata e ovários, bem como a diminuição da quantidade de esperma e malformações no sistema reprodutivo. A remoção destes compostos das águas residuais é, maioritariamente, realizada nas Estações de Tratamento de Águas Residuais, no entanto, os processos de tratamento convencionais não conseguem atingir eficiências de remoção adequadas para uma eliminação eficaz destes compostos. Apenas com tratamentos avançados, nomeadamente tratamentos multi barreira e oxidações avançadas é que se conseguem obter resultados satisfatórios. Um dos oxidantes mais eficazes e mais utilizado é o Cloro. Contudo, este ao reagir com a matéria orgânica presente nas águas residuais produz trihalometanos. Estes compostos possuem propriedades cancerígenas e mutagénicas. O Ácido Peracético (PAA) mostrou ser uma alternativa eficaz ao Cloro, produzindo subprodutos inócuos, e diversos estudos comprovam a sua eficácia na remoção de coliformes fecais e totais nas águas residuais. Os objetivos deste estudo foram a avaliação do poder de remoção do composto 17β-estradiol recorrendo ao uso de Ácido Peracético, bem como a avaliação do potencial toxicológico dos subprodutos gerados. Para análise da remoção deste composto em águas residuais, efetuaram-se diversos ensaios Jar-Test com diferentes concentrações de PAA (1, 5, 10 e 15 mg/L) e diferentes tempos de contacto (10, 15 e 20 min). Obtiveram-se remoções do composto de 100%, com a concentração de 15 mg/L e 20 min de tempo de contato. A componente ecotoxicológica deste trabalho foi realizada através de ensaios in vivo utilizando o peixe zebra (Danio rerio), através da análise de biomarcadores de stress oxidativo como a GST (Glutationa-S-Transferase), a peroxidação oxidativa (LPO) e a Catalase, bem como a determinação dos níveis de vitelogenina. Os resultados mostraram que o stress oxidativo causado pela exposição ao 17β-Estradiol não é estatisticamente significativo, no entanto, este ocorre devido à presença de oxigénio ativo na composição do PAA. Os níveis de vitelogenina aumentaram, indicando o seu potencial estrogénico. Contudo, após o tratamento com PAA o potencial de disrupção endócrina diminuiu mostrando a exequibilidade da estratégia de remoção adotada.
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Este registro bibliográfico ha sido proporcionado por Universidade Nova de Lisboa