O uso da rinoscopia como método diagnóstico e terapêutico no cão: estudo retrospetivo de 74 casos clínicos
2024 | 2025
Barboza, Mariana Rosa Monteiro | Viegas, Carlos | Bota, Isabel Viegas Filipe
A rinoscopia permite o acesso direto, visual e físico, à cavidade nasal e nasofaringe, possibilitando a realização de um exame completo, com recolha de amostras de biopsia com o fim de diagnóstico e a realização da maioria dos procedimentos terapêuticos. Este estudo pretendeu avaliar o uso da rinoscopia como método diagnóstico e terapêutico no cão. Todos os animais da amostra foram submetidos ao procedimento de rinoscopia. Foi realizado um estudo retrospetivo através da análise detalhada das fichas clínicas dos cães submetidos a rinoscopia, num hospital de referência em Lisboa. Na análise foram incluídos 74 animais, dos quais 33 apresentaram corpos estranhos (44,60%), 18 rinite idiopática (24,32%), 16 neoplasia nasal (21,62%), 2 rinite fúngica por Aspergillus spp. (2,70%), 1 rinite bacteriana por Klebsiella spp. (1,35%), e em cerca de 4 cães (5,41%) não foram observadas alterações durante o exame de rinoscopia. Na amostra em estudo, a maioria eram cães machos e de raça definida 55,56% (30/54). Em relação à distribuição etária, a média de idades foi de 6,23 anos, onde predominaram os animais com idade mais jovem (≤ 2 anos) 27,03% (20/74). As raças predominantes foram o Labrador Retriever 7,41% (4/54) e o Yorkshire Terrier 7,41% (4/54). Em geral, os cães de raça definida foram de porte médio 42,59% (23/54). O espirro foi o sinal clínico mais reportado 70,27% (52/74). Os animais dos quais se retiraram corpos estranhos foram, na sua maioria fêmeas 51,52% (17/33), e predominavam os cães de raça definida 81,82% (27/33). Os animais de raça definida apresentavam maioritariamente porte médio 44,44% (12/27). As raças que mais se distinguiram foram o Jack Russel Terrier 9,09% (3/27) e Beagle 9,09% (3/27). A média de idades foi de 4,96 anos com as idades mais jovens em maioria (≤ 2 anos) 36,36% (12/33). O espirro foi o sinal clínico mais frequentemente reportado 81,82% (27/33). Verificou-se que as praganas foram o corpo estranho mais retirado 81,82% (27/33) da narina esquerda 51,52% (17/33), durante o exame de rinoscopia. No que respeita à rinite idiopática, os animais diagnosticados eram, na sua maioria, machos 61,11% (11/18) e predominavam os cães de raça definida 55,56% (10/18). Os animais de raça definida apresentavam maioritariamente porte médio 50% (5/10). A raça que mais se distinguiu foi o Bull Terrier. A média de idades foi de 6,13 anos com as idades mais jovens em maioria (≤ 2 anos) 33,33% (6/18). O espirro foi, mais uma vez, o sinal clínico mais frequentemente reportado 55,56% (10/18). A maioria das rinites mista foi composta por diferentes células inflamatórias 77,78% (14/18). Relativamente aos animais diagnosticados com neoplasia, 81,25% (13/16) foram machos, predominando os cães de raça definida 81,25% (13/16). Os animais de raça definida apresentavam porte médio 38,46% (5/13) e grande 38,46% (5/13). As raças mesaticefálicas e dolicocefálicas predominavam. A média de idades foi de 10,14 anos com as idades mais avançadas em maioria (≥ 12 anos) 31,25% (5/16). O espirro foi o sinal clínico mais frequentemente reportado 62,50% (10/16). As neoplasias eram todas malignas e predominavam as do tipo epitelial 75% (12/16), onde o carcinoma indiferenciado 31,25% (5/12) foi o que mais se distinguiu. As massas surgiram mais frequentemente da cavidade nasal esquerda 31,25% (5/16). Os animais que foram diagnosticados com rinite fúngica por Aspergillus spp. eram machos e o Bull Terrier foi a única raça definida presente. A média de idades foi de 5,04 anos. A epistaxis unilateral foi o sinal clínico mais reportado. No que concerne à rinite bacteriana por Klebsiella spp., o animal que foi diagnosticado era fêmea, de raça Teckel, com cerca de 3 meses de idade. Os espirros e a rinorreia bilateral foram os sinais clínicos mais reportados. Os animais submetidos a rinoscopia onde não foram observadas quaisquer alterações apresentavam sinais clínicos como espirros, engasgo, estertor e tosse. A utilização do procedimento de rinoscopia permite um acesso menos invasivo do que a cirurgia à cavidade nasal e nasofaringe, sendo uma mais valia para a Medicina Veterinária. É um método terapêutico que possibilita a extração de corpos estranhos e um método de diagnóstico, uma vez que permite recolher amostras de biopsia para análise histopatológica e, em alguns casos, também realizar cultura bacteriana e fúngica.
Mostrar más [+] Menos [-]Rhinoscopy allows direct visual and physical access to the nasal cavity and nasopharynx, enabling a complete examination to be carried out, biopsy samples to be taken for diagnostic purposes and most therapeutic procedures to be carried out. This study aimed to evaluate the use of rhinoscopy as a diagnostic and therapeutic method in dogs. All the animals in the sample underwent the rhinoscopy procedure. A retrospective study was carried out through a detailed analysis of the clinical records of the dogs that underwent the rhinoscopy procedure at a reference hospital in Lisbon. The analysis included 74 animals, of which 33 had foreign bodies (44,60%), 18 idiopathic rhinitis (24,32%), 16 nasal neoplasms (21,62%), 2 fungal rhinitis caused by Aspergillus spp. (2,70%), 1 bacterial rhinitis caused by Klebsiella spp. (1,35%), and in around 4 dogs (5,41%) no alterations were observed during the rhinoscopy examination. In the study sample, the majority were male and of defined breed 55,56% (30/54). In terms of age distribution, the average age was 6,23 years, with a predominance of younger animals (≤ 2 years) 27,03% (20/74). The predominant breeds were the Labrador Retriever 7,41% (4/54) and the Yorkshire Terrier 7,41% (4/54). In general, the defined breed dogs were medium-sized 42,59% (23/54). Sneezing was the most frequently reported clinical sign 70,27% (52/74). The animals from which foreign bodies were removed were mostly female, 51,52% (17/33), and were predominantly defined breed dogs, 81,82% (27/33). The defined breed animals were mostly medium-sized, 44,44% (12/27). The breeds that stood out the most were the Jack Russell Terrier 9,09% (3/27) and the Beagle 9.09% (3/27). The average age was 4,96 years, with the youngest ages in the majority (≤ 2 years) 36,36% (12/33). Sneezing was the most frequently reported clinical sign 81,82% (27/33). We found that grass awns was the foreign body most frequently removed 81,82% (27/33) from the left nostril 51,52% (17/33) during rhinoscopy. With regard to idiopathic rhinitis, the majority of the animals diagnosed were male, 61,11% (11/18), and the majority were defined breed dogs, 55,56% (10/18). The defined breed animals were mostly medium-sized, 50% (5/10). The breed that stood out the most was the Bull Terrier. The average age was 6,13 years, with the youngest being the majority (≤ 2 years) 33,33% (6/18). Sneezing was once again the most frequently reported clinical sign 55.56% (10/18 . Most mixed rhinitis is composed of different inflammatory cells 77,78% (14/18). With regard to the animals diagnosed with neoplasia, 81,25% (13/16) were male, with a predominance of defined breed dogs 81,25% (13/16). The defined breed animals were medium-sized 38,46% (5/13) and large 38,46% (5/13). The mesaticephalic and dolichocephalic breeds predominated. The average age was 10,14 years, with the majority being older (≥ 12 years), 31,25% (5/16). Sneezing was the most frequently reported clinical sign, 62,50% (10/16). The neoplasms were all malignant and predominantly of the epithelial type, 75% (12/16) of which undifferentiated carcinoma was the most distinctive, 31,25% (5/12). The masses appeared most frequently in the left nasal cavity, 31,25% (5/16). The animals diagnosed with fungal rhinitis caused by Aspergillus spp. were male and the Bull Terrier was the only defined breed present. The average age was 5,04 years. Unilateral epistaxis was the most commonly reported clinical sign. With regard to bacterial rhinitis caused by Klebsiella spp., the animal diagnosed was a female Teckel, around 3 months old. Sneezing and bilateral rhinorrhea were the most commonly reported clinical signs. The animals submitted to rhinoscopy where no alterations were observed had clinical signs such as sneezing, choking, wheezing and coughing. The use of the rhinoscopy procedure allows less invasive access than surgery to the nasal cavity and nasopharynx, and is an asset to veterinary medicine. It’s a therapeutic method that enables the extraction of foreign bodies and a diagnostic method, as it allows biopsy samples to be taken for histopathological analysis and, in some cases, bacterial and fungal cultures.
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Información bibliográfica
Este registro bibliográfico ha sido proporcionado por Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro