Epidemiologia do abandono: razões pelas quais tutores procuram Organizações da Sociedade Civil (OSC’s) de proteção animal para entregade seus animais domésticos | Epidemiology of Abandonment: reasons why guardians seek out animal protection Civil Society Organizations (CSOs) to give up their pets

Portugués. O abandono de animais domésticos é um problema frequente nas áreas urbanas, impacta negativamente os animais, o ser humano e o meio ambiente e necessita de uma abordagem sob a estratégia de saúde única para compreender o contexto em que este problema está inserido, possibilitando a construção de medidas para o seu enfrentamento. O objetivo deste trabalho foi identificar os principais motivos relatados por tutores que entraram em contato com Organizações da Sociedade Civil (OSC’s) de proteção animal para realizar a entrega de seu animal doméstico. Verificou-se que a maioria dos animais eram filhotes (34,9%, 44/126), não tinham uma raça definida (54,8%, 69/126), não eram castrados (57,9%, 73/126), apresentavam tempo de convivência com o tutor menor que 6 meses (54%, 68/126) e foram resgatados da rua (42,9%, 54/126). Os motivos mais relatados para entrega de seu animal foram questões de moradia (44,2%, 23/52), seguido de problemas financeiros (30,8%, 16/52) e doença do tutor (11,5%, 6/52). Sobre o perfil dos tutores que participaram desta pesquisa, a maioria era do gênero feminino (71,2%, 37/52), possuía ensino médio completo (46,2%, 24/52), tinha filhos (65,4%, 34/52) e não recebia nenhum benefício social (71,2%, 37/52). Quando foram oferecidas alternativas de apoio para o tutor desistir da entrega ou permanecer com o animal, 90,4% (47/52) informaram que não haveria nada que possibilitaria a permanência do animal. Este estudo é um primeiro passo para a compreensão do abandono de animais no Brasil. Com este estudo verificamos que poucas pessoas estão dispostas a solucionar a situação geradora do desejo de entrega do animal, demonstrando que o enfrentamento ao abandono vai muito além de um motivo informado, este, frequentemente, parece ter a intenção de respaldar o abandono. Compreender o comportamento humano no abandono de animais domésticos é um grande desafio, pois raramente os tutores estão dispostos a solucionar a situação, então, para propor medidas de enfrentamento será necessário desenvolver maneiras de fortalecer o vínculo humano-animal.

Inglés. Abandoning domestic animals is a frequent problem in urban areas, harming animals, humans, and the environment. A single health strategy-based approach is necessary to understand the context of this problem, making it possible to build measures to tackle it. This study aimed to identify the main reasons given by guardians who contacted animal protection Civil Society Organizations (CSOs) to surrender their pets. We found that the majority of the animals were puppies (34.9%, 44/126), did not have a defined breed (54.8%, 69/126), were not neutered (57.9%, 73/126), had lived with their guardian for less than 6 months (54%, 68/126), and were street-rescued (42.9%, 54/126). The most frequently reported reasons for giving up their animals were housing issues (44.2%, 23/52), followed by financial problems (30.8%, 16/52), and the guardian’s illness (11.5%, 6/52). Regarding the profile of the guardians taking part in this study, the majority were female (71.2%, 37/52), had completed high school (46.2%, 24/52), had children (65.4%, 34/52), and did not receive any social benefits (71.2%, 37/52). When guardians were offered alternative support to give up or keep the animal, 90.4% (47/52) said nothing would enable them to keep it. This study is a first step towards understanding animal abandonment in Brazil. Furthermore, it shows that few people are willing to resolve the situation that led to them wanting to give up the animal, demonstrating that dealing with abandonment goes far beyond an informed reason, which often seems to have the intention of supporting abandonment. Understanding human behavior in abandoning domestic animals is a significant challenge, as guardians rarely resolve the situation. Thus, developing ways of strengthening the human-animal bond will be necessary to propose coping measures.