Ectatomma opaciventre Roger é uma espécie de formiga cujas presas incluem espécies de moscas, no entanto, não se conhecia os comportamentos empregados pelas operárias em sua predação. Neste trabalho, foi elaborado um etograma da predação sobre larvas e adultos da mosca Hermetia illucens L. por operárias de E. opaciventre. Foram coletados indivíduos de três ninhos de E. opaciventre, sendo posteriormente transferidos para ninhos artificiais. Para cada um deles, foram oferecidas larvas e adultos vivos de moscas. A partir das observações, em um contexto de predação, os comportamentos observados que apresentavam funções semelhantes foram agrupados em categorias, com quatro delas tendo sido observados na predação sobre larvas e todas as oito na predação sobre adultos. As larvas não chegaram a ser predadas de fato (os comportamentos agressivos, realizados pelas formigas, aparentam estar relacionados à defesa do ninho), porém as moscas adultas serviram realmente como alimento.

Este trabalho tem como objetivo verificar a resposta da comunidade de insetos aquáticos em relação à intensidade do uso recreativo humano, além da composição em diferentes mesohabitats presentes no curso d’água. As amostras foram coletadas em um córrego em diferentes microhabitats em áreas classificadas pelo uso dos visitantes (Baixo, Médio e Intenso) e diferenciadas em quatro mesohabitats (areia, cachoeira, folha e pedra). Um total de 952 indivíduos distribuídos em nove ordens e 14 famílias foram coletados. A ordem mais abundante foi Diptera (431, 45,27%), seguida de Ephemeroptera (366, 38,45%). A família mais abundante foi Baetidae (325, 34,14%), seguida de Chironomidae (237, 24,89%), Simuliidae (94, 9,87%), Ceratopogonidae (77, 8,08%) e Hydropsychidae (56, 6,09%). Em relação ao uso humano, houve uma diferença significativa na composição da fauna. Na área com uso intenso, houve uma predominância de Chironomidae e Hydroptilidae, enquanto na área de baixo uso, Perlidae foi mais frequente. O substrato de pedra apresentou o maior número de táxons. Observamos uma tendência para a composição da comunidade diferir entre mesohabitats. As necessidades específicas de cada grupo biológico refletem a ocupação do habitat, apresentando diferentes números de indivíduos. Podemos verificar que a intensidade do uso das cachoeiras afeta diretamente a comunidade de insetos aquáticos, seja por perturbação e destruição de microhabitats específicos das espécies ou pelo deslocamento de indivíduos ao longo do curso d’água.

Dentre as interações mutualísticas, as associações entre formigas e plantas portadoras de nectários extraflorais (NEFs) são bastante conhecidas. Nestas interações, as formigas ao se alimentarem do néctar extrafloral, fornecem proteção às plantas contra insetos herbívoros. As comunidades de plantas e de formigas tendem a sofrer modificações em áreas perturbadas, como bordas de fragmentos florestais. Neste contexto, será que os efeitos de borda podem ser percebidos também em nível de interação? Com base no exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de borda sobre estas interações formiga-planta mediadas por NEFs, a partir da simulação de glândulas artificiais. Foram instalados NEFs artificiais em 10 arbustos localizados na borda de um fragmento de floresta tropical e em 10 arbustos localizados no interior do mesmo fragmento. Todas as formigas visitantes dos NEFs artificiais foram coletadas. Foi amostrado maior número de formigas em NEFs artificiais na borda (362 indivíduos) do que no interior (250 indivíduos) do fragmento. No entanto, em termos de valores médios, não foram encontradas diferenças significativas da abundância de formigas entre a borda e o interior do fragmento, assim como também não foi encontrada diferenças significativas da riqueza e composição de espécies de formigas entre estas duas áreas. Considerando que este foi um estudo rápido, com pequena amostragem, concluímos que o maior número total de formigas em NEFs artificiais na borda é uma evidência da importância desta interação em áreas perturbadas, principalmente devido ao aumento de herbívoros nestas regiões decorrentes do aumento de folhas jovens.

As vespas sociais utilizam vários substratos para nidificação, como já reportado para o gênero Mischocyttarus, o objetivo deste trabalho foi relatar novas nidificações de Mischocyttarus bertonii, assim ampliando informações ecológicas e etológicas da espécie. O estudo foi conduzido no Parque Estadual da Mata Seca e na Fazenda Escola do IFSULDEMINAS, Campus Inconfidentes, utilizando-se do método de busca ativa para a coleta dos espécimes. Foram registradas nidificações em plantas como Mangifera indica L., Cereus jamacaru DC. e ainda em um poste, estando em áreas conservadas ou antropizadas. As nidificações que ocorreram em M. indica L. podem ter ocorridas pela proteção contra intempéries e devido a fonte de alimento providenciada pela planta, já as que ocorreram em C. jamacaru e no poste pode ter ocorrido, também, pela proteção providenciada pelos substratos, além de serem um meio de defesa contra os predadores através dos espinhos dos cactos ou reduzir a pressão da predação como no poste. Por fim, o estudo conclui que, a espécie M. bertonii é bem versátil em relação a escolha do ecossistema para a nidificação, podendo estar presentes tanto em ambientes antropizados ou conservados, utilizando comumente substratos como as cactaceae, mas sugerindo ainda uma adaptação aos ambientes antropizados.

O objetivo deste trabalho foi investigar como as comunidades de borboletas respondem ao período de seca em floresta decidual no estado de Minas Gerais, e inventariar a fauna desses insetos no Parque Estadual Mata Seca (PEMS), no período de fevereiro a novembro de 2021. Foram coletados 703 indivíduos de 77 espécies de borboletas, expressiva riqueza para a floresta decidual. Dentre as borboletas coletadas, aproximadamente 24% foram consideradas raras para o local estudado, já que apresentaram apenas um indivíduo durante o período de amostragem, podendo ser reflexo do período de estiagem que incide na oferta de alimento. Além disso, a família Nymphalidae foi mais representativa quando comparada com as outras famílias, tanto para riqueza, quanto para abundância. Esse segundo fator pode ser explicado pela abundância elevada de Eunica talila bellaria Fruhstorfer (N=164) e Hamadryas februa februa Hübner (N=75). Como resultado disso, não houve diferença estatística quanto à abundância durante as quatro estações do ano, em função da quantidade de indivíduos coletados da espécie E. t. bellaria. Contudo, houve diferença estatística devido à menor riqueza, menor índice de diversidade e maior índice de dominância no inverno, reflexo da menor oferta de alimento no PEMS.

Algumas espécies de formigas atuam como controladoras de insetos herbívoros em plantas que em contrapartida, oferecem alimento produzido em glândulas denominadas nectários extraflorais. Este trabalho teve como objetivo levantar a riqueza e a composição de formigas e plantas que interagem através destas glândulas em um fragmento florestal localizado na APA Lago do Amapá, Acre, Brasil. Também objetivou avaliar estas associações a partir de uma abordagem de redes, na qual diferentes espécies de plantas e formigas são retratadas como nós e suas interações como ligações. Na região central do fragmento, foram realizadas amostragens destas interações em uma parcela de 6.250 m2. Posteriormente, para análise de rede, os dados foram sistematizados em uma matriz quantitativa (plantas × formigas), cujos elementos representam a frequência de associação de uma espécie de planta com uma espécie de formiga. No total, foram registradas 16 espécies de formigas, distribuídas em quatro subfamílias e nove gêneros, interagindo com 23 espécies de plantas, distribuídas em cinco famílias e oito gêneros. A rede de interação apresentou 77 interações, um padrão significativamente aninhado, e valores de tamanho de rede, especialização de rede e diversidade de interações muito similares a valores obtidos em estudos realizados em outras regiões de floresta tropical no Brasil. O resultado encontrado reforça um padrão característico destas interações, quando analisadas a partir de uma abordagem de redes.

Coleoptera é a ordem de insetos mais diversa, incluindo mais de 400 mil espécies popularmente conhecidas como besouros. Pelo menos 13 mil espécies de 37 famílias são consideradas aquáticas, das quais 16 famílias são registradas no Brasil. O presente estudo teve como objetivo realizar o levantamento dos besouros aquáticos ocorrentes em um trecho do Rio Marambaia, Mangaratiba, Rio de Janeiro, Brasil. Um total de 456 espécimes foi obtido na área de estudo, representando os seguintes 12 gêneros e seis famílias: Copelatus, Cybister, Desmopachria, Hydaticus e Rhantus (Dytiscidae); Heterelmis (Elmidae); Gyretes (Gyrinidae); Derallus, Chasmogenus e Tropisternus (Hydrophilidae); Pheneps (Psephenidae); e Iapir (Torridincolidae). Dentre eles, os gêneros Copelatus e Cybister, e as espécies de Hydrophilidae, Chasmogenus fluminensis Clarkson & Ferreira-Jr; Derallus angustus Sharp; Tropisternus apicipalpis Chevrolat; e Tropisternus variolosus Hansen, são aqui registrados pela primeira vez no município de Mangaratiba- RJ. Os registros de Cybister e T. apicipalpis também são os primeiros no Estado do Rio de Janeiro.

Estudos faunísticos têm sido realizados para prospectar a entomofauna de um determinado ecossistema e contribuir para relatórios de impacto ambiental. O objetivo desse estudo foi realizar um levantamento da entomofauna noturna ocorrente em dois ambientes (Mata Ciliar e remanescente florestal) componentes do Igarapé Canela Fina, município de Cruzeiro do Sul, Acre. As ordens Hemiptera, Hymenoptera e Blattodea (subordem Isoptera) foram consideradas dominantes nos dois ambientes, enquanto Diptera e Mantodea foram consideradas acidentais. De acordo com os índices de Shannon-Wiener e Simpson as áreas foram consideradas pouco diversas. Novos estudos mais duradouros são recomendados a fim de verificar o impacto antrópico, bem como a biodiversidade de insetos presentes nesse igarapé.

O objetivo desta pesquisa é realizar o levantamento da diversidade edáfica de besouros presentes em uma área de pastagem utilizada pelo setor pecuário do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais – Campus Bambuí. Foram coletados 165 indivíduos de 14 espécies de besouros, sendo sete espécies pertencentes à família Melolonthidae, seis à família Scarabaeidae e uma à família Hybosoridae. A espécie mais abundante foi Labarrus pseudolividus (Balthasar) (Scarabaeidae: Aphodiinae). A presença de espécies de besouros copronecrófagos já conhecidos como importantes na remoção, aeração, dessecação e desestruturação de massas fecais e a facilitação de acesso de inimigos naturais de endo e ectoparasitas de bovinos na pastagem estudada do IFMG - Campus Bambuí são indicadores positivos para a criação de bovinos nessa área. Além disso, a presença de espécies de besouros paracoprídeos, que criam túneis para enterrar as fezes, auxiliam na aeração e adubação do solo.

O camarão-azul (Eranthemum pulchellum) é um arbusto perene que atinge cerca de 1,8 m de altura e se desenvolve bem em clima Equatorial, Tropical e Subtropical. Tem abundantes flores azuis, conferindo à planta interessante aspecto ornamental. Na Ilha do Fundão, câmpus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, conjuntos do camarão-azul formam a bordadura da cerca de um estacionamento. Com poucos registros de entomofauna associada, a espécie parece ser pouco atacada por insetos fitófagos. O presente trabalho constitui o primeiro registro formal da ocorrência de cigarrinhas Bucephalogonia xanthophis (Cicadellinae: Cicadellini) em arbustos de camarão-azul. As cigarrinhas estão depositadas na Coleção Entomológica José Alfredo Pinheiro Dutra, Instituto de Biologia, UFRJ, e exsicatas da planta hospedeira estão depositadas no Herbário Prof. Jorge Pedro Pereira Carauta (HUNI), Instituto de Biociências, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Tal espécie de cigarrinha é polífaga, estando registrada em plantas de importância econômica como Citrus sinensis (Rutaceae) e Coffea arabica (Rubiaceae), transmitindo a bactéria Xylella fastidiosa (Xanthomonadaceae).